Com a maior parte de suas mais de 900 lojas fechadas, a rede de franquias de óculos Chilli Beans usa a criatividade para seguir com as vendas durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. A companhia aposta suas fichas em um modelo de venda comissionada, no qual os vendedores oferecem os produtos diretamente para os clientes pelo telefone ou WhatsApp. No futuro, o plano é fazer a venda na casa dos consumidores, usando maletas personalizadas da marca.
Caito Maia, presidente e fundador da rede, disse que a estratégia da Chilli Beans até agora foi ajudar a sociedade com informação e ações de cidadania. “A gente entendeu que não era momento de dar desconto, era hora de ajudar”, diz. A partir do dia 20 de abril, o direcionamento mudou. “Vamos ter que vender”, afirma.
Para tentar reduzir o dano, a rede está colocando em ação um plano envolvendo seus mais de 6.000 vendedores. Cada um deles têm um código personalizado para ser usado na loja digital e está em contato com seus cerca de 100 clientes para oferecer os produtos da marca. “Eles ligam, mandam as fotos do produto e informam seus códigos, assim o cliente tem desconto e eles e os franqueados ganham uma comissão pela venda”, diz Maia.
A empresa também investe em um modelo de venda assistida, feita com maletas de produtos, para minimizar uma possível queda no número de clientes nas lojas depois da reabertura. Os vendedores poderão ir até a casa dos clientes e mostrar os óculos disponíveis no estoque. Cerca de 250 cases personalizados da marca já estão com os franqueados, pois a estratégia já estava sendo testada antes da crise. Agora, o plano da rede é enviar mais 600 — garantindo que todas as lojas tenham pelo menos um.
Outra frente que cresceu com a pandemia foi o e-commerce da marca. As vendas online, que representavam 3% do total, dobraram de tamanho. Mesmo com o crescimento, o volume do digital não é suficiente para cobrir a queda de faturamento causada pelo fechamento das lojas. Dos mais de 900 pontos de venda da Chilli Beans, estão operando somente 78, em cidades menos afetadas pelo vírus.
A pandemia forçou a rede a adiar alguns planos. Os temas das novas coleções de abril e maio foram cancelados, bem como o cruzeiro da Chilli Beans, que aconteceria no final de março. A rede ainda não anunciou uma nova data para as mais de 5.000 pessoas que compraram a viagem.
“Vivemos um dos períodos de maiores dúvidas da história, estamos voando no avião sem radar”, diz Maia. O empresário afirma que a rede terá uma queda “radical” de faturamento em abril e maio, mas espera um crescimento paulatino nos meses seguintes. A expectativa é que o faturamento anual seja 15% menor que o de 2019. “Sou um cara otimista, se Deus quiser, não vamos perder o Natal, que é a data mais forte para nós”.
Fonte: Exame