A Renner informou, em teleconferência para analistas e investidores, que o seu serviço de comércio eletrônico cresce a um ritmo quatro vezes mais veloz que o mercado de varejo online. A companhia reformulou o seu serviço de comércio eletrônico e tem feito a integração da operação com as lojas físicas. A rede varejista divulgou na quinta (26) seu balanço do segundo trimestre, no qual reportou lucro líquido de R$ 274,7 milhões, alta de 41,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
José Galló, presidente da Renner, disse que as lojas físicas integradas com o comércio eletrônico chegam a cem. Nessas unidades, o consumidor consegue comprar no site e retirar o produto na loja.
A companhia também informou que tem feito avanços no seu sistema de distribuição totalmente automatizado, que permite separar individualmente nos centros de distribuição os produtos, para fazer a entrega em cada loja.
Laurence Gomes, diretor financeiro e de relações com investidores da Renner, disse que, atualmente, 40% do volume total de produtos das lojas já são separados dessa forma. A Renner começou com essa operação com as linhas de produtos básicos e, neste ano, começou a fazer essa distribuição também com itens de moda.
O executivo disse também que a Renner tem feito investimentos nos centros de distribuição, no comércio eletrônico, na melhoria de experiência de compra nas lojas e na abertura de unidades, e deve manter um ritmo de investimentos parecido com o ano passado.
No primeiro semestre, os investimentos encolheram 43,4%, para R$ 228,3 milhões. O executivo disse que há uma concentração maior de investimentos na segunda metade do ano.
“Meu cartão”
Para este ano, a companhia espera uma estabilização no nível de crescimento da carteira do “Meu Cartão”. No segundo trimestre, a receita líquida de funding e impostos de produtos financeiros cresceu 19,2%, para R$ 223,8 milhões, com avanço de 55,3% na receita do Meu Cartão, para R$ 130,7 milhões.
O resultado de produtos financeiros cresceu 2,9% no trimestre, para R$ 81,3 milhões. As perdas líquidas das recuperações aumentaram 33,5%, para R$ 79,1 milhões no período. As despesas operacionais cresceram 26,9%, para R$ 72,4 milhões.
“Nós acreditamos agora em uma estabilização no crescimento da carteira do Meu Cartão”, disse Gomes. O executivo ponderou que o Meu Cartão exige um provisionamento maior de perdas, o que elevou as despesas no período.
Para 2018, o executivo disse ver espaço para melhora no desempenho do negócio de produtos financeiros em relação a 2017.
A Renner também informou que espera manter o nível de inadimplência na área de produtos financeiros nos mesmos níveis de 2017. Por conta do aumento da carteira do Meu Cartão, houve aumento nas perdas estimadas de crédito com esse cartão de 605,5%, para R$ 193,2 milhões. A inadimplência no Meu Cartão atingiu 3,8% da carteira, ante 2,9% no segundo trimestre de 2017. A inadimplência do Saque Rápido baixou de 4% para 1,6% no período. A inadimplência do Cartão Renner subiu de 3,1% para 3,4%.
Projeções para o terceiro trimestre
Na teleconferência, Gomes afirmou que a Renner tem condições de entregar expansão de margem bruta de lucro no terceiro trimestre, mesmo com efeitos negativos relacionados à Copa do Mundo e à greve dos caminhoneiros.
“Nossos estoques estão bem compostos, estão saudáveis. Não vejo necessidade de fazer promoções adicionais no terceiro trimestre. Temos condições ainda de entregar expansão de margem bruta no terceiro trimestre. Teremos uma contribuição menor do câmbio em relação ao ano passado nas margens, mas não vamos ter impacto em relação ao tamanho e à composição dos estoques”, afirmou o executivo.
O diretor ponderou que talvez a Renner poderia ter tido margem bruta melhor no segundo trimestre, se não fossem os impactos da greve dos caminhoneiros e da Copa do Mundo, que reduziram o tráfego de pessoas nas lojas.
Na Camicado, segundo o executivo, a empresa antecipou a liquidação de inverno para atrair mais pessoas às lojas, mas não teve o impacto esperado. A margem bruta na Camicado caiu 2,3 pontos percentuais no segundo trimestre, para 50,4%.
A Renner fechou o segundo trimestre com margem bruta de 57,4%, 0,7 ponto percentual mais alta que no mesmo intervalo de 2017. A receita líquida avançou 9,2%, para R$ 1,78 bilhão.
As ações da Renner registravam, no início da tarde desta sexta, queda de 2,25%, para R$ 30,88.
Fonte: Valor Econômico