Por Editora3 | Fundamental para a movimentação do e-commerce brasileiro, o GRU Airport — Aeroporto Internacional de São Paulo é responsável por receber ou entregar 99% das compras on-line do País que necessitam ser transportadas por aviões. Um número alimentado pela localização dos centros logísticos concentrados na região metropolitana paulista, nas proximidades do terminal, e pelo maior consumo das pessoas que moram no Estado, principalmente nas 39 cidades da mancha urbana em que o aeroporto de Guarulhos está inserido. Desnecessário detalhar o boom das vendas pela internet no período da pandemia. Mas é fundamental apresentar o tamanho desse relevante mercado para mostrar a importância do GRU Airport nesse contexto.
•Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), as vendas totais registradas no e-commerce brasileiro foram de R$ 185,7 bilhões em 2023, aumento de 10% em relação ao período anterior.
• Foram 395,1 milhões de pedidos.
• Para 2024, a projeção é atingir R$ 205,1 bilhões, com 418,6 milhões de compras.
Com 99 mil metros quadrados de armazéns, o aeroporto estava apertado para as empresas de entrega e logística operarem. Estava porque desde o início do ano o espaço dos galpões foi triplicado, com mais 209 mil metros quadrados – divididos em dois setores, um com 166 mil metros quadrados e outros com 43 mil metros quadrados.
Para João Pedro Almeida da Rocha Pita, diretor comercial e de cargas do GRU Airport, o Brasil evoluiu em digitalização, trâmites e infraestrutura de cargas áreas e o projeto de expansão do terminal acompanha essa aceleração. “Temos feito uma mudança transformacional nos nossos armazéns. O GRU Airport tem se tornado um hub de carga para a parte sul do continente americano”, disse o executivo da empresa que administra o aeroporto, um consórcio formado pela Invepar (Investimentos e Participações em Infraestrutura S/A) e ACSA (Airports Company South África).
Os novos armazéns foram construídos pela Brookfield Properties, responsável pela gestão de mais de 2 milhões de metros quadrados de edifícios corporativos de alto padrão, parques logísticos, multifamily e shopping centers. Em troca, vai explorar os espaços comercialmente por 40 anos, sendo uma parte repassada ao GRU Airport.
Os espaços possuem padrão AAA, com pé direito livre de aproximadamente 10 metros e certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), selo de adoção de práticas de construção sustentável.
O valor do investimento não foi revelado, mas o preço de construção do metro quadrado de galpões gira em torno de R$ 2 mil. Assim, nos 209 mil metros quadrados erguidos pela companhia no aeroporto foram aplicados cerca de R$ 420 milhões – o terreno foi cedido pela União.
Dessa forma, o GRU Airport entra com inteligência do setor de cargas e a Brookfield com expertise no setor imobiliário. Segundo Hilton Rejman, vice-presidente executivo da Brookfield Properties, é uma parceria que tem tudo para dar certo. “Oferecemos condições para empresas de qualquer tamanho operar. Nossos armazéns possuem formato flexível, com possibilidade de aluguel do galpão inteiro ou em módulos [de 1,1 mil metros quadrados]”, disse. “É um produto diferenciado, para atender vários tipos de empresas.”
Dos dois módulos, um deles, de 43 mil metros quadrados, foi praticamente todo comercializado antes mesmo da conclusão das obras. O outro está com as locações bem adiantadas.
Uma das companhias locatárias dos novos espaços é a chinesa Shenzhen Anjun Logistics, que atua em cerca de 25 mil metros quadrados com operação de cross docking, em que o produto enviado ao armazém não fica estocado, pois é organizado para redistribuição imediata ao comprador do e-commerce.
“Temos transformado os armazéns. O GRU Airport tem se tornado um hub de carga para a parte sul do continente americano.” – João Pita, CCO do GRU Airport
Jerry Chang, diretor de vendas e marketing da Shenzhen Anjun Logistics, avalia que, entre os atrativos para operar no galpão no GRU Airport, está o fato de poder integrar os serviços de entrega da Anjun Express Last Mile.
“Podemos fornecer às plataformas de comércio eletrônico uma solução completa, começando com o serviço de coleta na China, usando nosso serviço de frete aéreo da China ou de Hong Kong para o GRU, o serviço de liberação alfandegária no aeroporto e, em seguida, usando nossa entrega last mile”, disse o executivo da companhia que possui 800 colaboradores no Brasil, 200 carros e carretas em seis armazéns — sendo quatro em São Paulo, um em Curitiba (PR) e um em Vitória (ES), além do atual no terminal de cargas do aeroporto de Guarulhos. “Nossa expectativa é a de que o volume será de cerca de 300 mil a 500 mil pacotes por dia no primeiro ano e que esse número continuará crescendo.”
“Nossos espaços possuem formato flexível, com possibilidade de aluguel do galpão inteiro ou em módulos.” – Hilton Rejman VP da Brookfield Properties
MOVIMENTAÇÃO
• O GRU Airport movimentou 642,7 mil toneladas de cargas entre janeiro e dezembro de 2023.
• Deste montante, 32,8% (210,9 mil toneladas) corresponderam ao mercado doméstico.
• Os outros 67,2% (431,8 mil toneladas) foram oriundas de remessas internacionais, sendo 245,9 mil toneladas destinadas à importação e 185,9 mil toneladas, à exportação.
• Esse desempenho significa que 54% das cargas internacionais que chegaram ao País passaram pelo aeroporto de Guarulhos, enquanto que o market share de exportações atingiu 53%, consolidando sua posição como o principal terminal logístico de carga aérea do Brasil.
• Além disso, o terminal abriga o maior complexo frigorífico em aeroportos do Brasil, com cerca de 30 mil metros quadrados, com 24 câmaras frias.
O trabalho desenvolvido visa reverter essas ações e bons números em uma imagem melhor do aeroporto, além de obter resultados financeiros positivos. Segundo recentes indicadores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o aeroporto de Guarulhos foi o mais mal avaliado entre os 12 concedidos à iniciativa privada em relação a serviços oferecidos a passageiros.
No quesito finanças, o faturamento aumentou de R$ 730 milhões em 2012, quando foi realizada a concessão, para R$ 2,4 bilhões em 2022, com prejuízo de R$ 137,9 milhões. De janeiro a setembro de 2023, foram R$ 2 bilhões de receita, também com prejuízo, de R$ 177,2 milhões.
Fonte: IstoÉ Dinheiro