A internet é pródiga em trazer histórias sobre empreendedores que construíram negócios em garagens ou nos intervalos das aulas nas universidades. Gente heroica que resolveu mudar o mundo desbravando ambientes hostis à inovação e abrindo mercados diante de gigantes. Mas há o lado menos charmoso da história, aquele feito de falhas e problemas que afetam os consumidores e comprometem a experiência do e-commerce.
O Shoptalk resolveu trazer o depoimento exclusivo de Peter Szulczewski, Co-fundador e CEO da Wish, para compartilhar o seu aprendizado à frente de uma empresa considerada um Unicórnio real, avaliada em torno de US$ 1 bilhão, e que é uma das principais plataformas de mobile commerce da América do Norte e da Europa. A Wish hoje é uma potência, reunindo mais de 100 mil varejistas e mais de 160 milhões de usuários registrados.
O trabalho de Peter sempre foi focar em dar a todos os consumidores acesso ao mais conveniente shopping center do mundo, diretamente no celular. Sua experiência no desenvolvimento do Google AdWords o credenciou a desenvolver algoritmos capazes de endereçar as melhores ofertas para cada pessoa. Ainda assim, em sua opinião, o processo de e-commerce ainda apresenta ruídos e pontos que devem ser melhorados. Falhas, enfim.
Peter diz que todo e-commerce precisa superar duas falhas, como segue:
– A falha de produto – uma operação de e-commerce normalmente está sujeita a falhas quando há mudança de plataformas – do desktop para o mobile; mudança das ferramentas de conversação – do ICQ para o Facebook, primeiramente, e hoje para o Snapchat; e falhas nas mudanças das plataformas de busca – do desktop para a busca hoje concentrada no smartphone.
Justamente pela mudança no padrão de buscas, a Wish construiu a “compra por navegação (navigational shopping)”. As pessoas querem buscas assertivas, nas quais a inserção de dados de um produto chame um resultado preciso.
Segundo o CEO da Wish, a ideia da empresa desde o início foi facilitar o processo de navegação, baseado em imagens e não em resultados verbais, características de grandes plataformas de e-commerce, basicamente Amazon e Alibaba.
-Falhas demográficas – é necessário compreender que 80% dos provedores das residências americanas ganham menos de US$ 100 mil ao ano. A média de EU é de 16 mil. Essas pessoas procuram preço e não marcas, embalagens e entrega rápida. Conveniência é seu desejo, bem como sentem-se frustramos e não atendidos pelas atuais plataformas de e-commerce. Usam o smartphone. Desconhecer esse fato é abrir mão de um gigantesco potencial de consumo, derivado justamente da quantidade de pessoas que se situa nessas faixas de renda.
Para Peter, as grandes soluções que respondem às falhas demográficas são: seleção infinita, navegação eficaz, cobertura universal, conveniência absoluta e preços cada vez menores. Ele diz que não se conforma com o fato do e-commerce não ser universal, acessível para o mundo todo literalmente. Em sua visão, consumidores da Bolívia que não tenham cartão de crédito, assim como qualquer pessoa que não seja bancarizada deve poder comprar no e-commerce e no mobile commerce.
É por isso que Peter, como Jeff Bezos, acredita que os preços menores irão triunfar sempre. Não há melhor maneira de tornar o mobile commerce mais acessível, democrático e universal. Facilitando a navegação e tornando a compra acessível, a Wish espera continuar sua trajetória de crescimento.
E-commerce nas palavras de Pete pode ser definido da seguinte forma: “Programe rápido, aprenda rápido e crie coisas que as pessoas usem”.
Fonte: NOVAREJO