Com uma retração nas vendas mundiais de 56% em março e 90% em abril, a rede de free shops Dufry anunciou na noite de quarta-feira medidas para fortalecer a estrutura de capital. Apenas em linhas de créditos adicionais e emissões de novos títulos, a empresa vai acrescentar ao caixa cerca de 725 milhões de francos suíços, equivalentes a R$ 4,2 bilhões.
As ações informadas ontem se somam à medidas de redução de custos e gerenciamento de fluxo de caixa já anunciadas em março.
As medidas implementadas permitem ao grupo “reduzir consideravelmente a sua queima de caixa e continuar as operações por um período prolongado até que o ambiente de negócios normalize, mesmo em um cenário de redução de vendas de 70% a 80%, com o fechamento de lojas”, informa a empresa.
As iniciativas incluem uma linha de crédito adicional de bancos de cerca de 425 milhões de francos suíços (R$ 2,5 bilhões) e a obtenção de consentimento do consórcio bancário da Dufry para renunciar às cláusulas restritivas existentes até o fim de junho de 2021.
A companhia diz que esse consórcio bancário, composto por 25 bancos internacionais, aprovou o pedido da empresa de renunciar aos “covenants” financeiros atuais.
A empresa ainda informou a colocação privada de até 5,5 milhões de ações “com fortes indicações de interesse para participação de investidores” e menciona a emissão planejada de títulos sem garantia em ativos reais de 300 milhões de francos suíços (R$ 1,7 bilhão), também “com fortes indicações de interesse para participação de investidores”.
A Dufry anunciou o cancelamento do pagamento de dividendos de 2020.
Conforme informado em 12 de março, a Dufry criou um comitê especial que implantou um plano de ação para garantir a geração de fluxo de caixa, impulsionar as vendas, economizar custos e proteger a liquidez.
Isso incluía redução dos custos com pessoal em todos os níveis, negociar acordos com os proprietários de imóveis para diminuir as garantias anuais mínimas e “todas as despesas operacionais e outros itens de custo”, informa.
Além disso, foram tomadas medidas para reduzir ao mínimo as saídas de caixa. Isso inclui iniciativas de corte de investimentos e outras ações que visam uma economia total de cerca de 160 milhões de francos suíços (R$ 900 milhões) em 2020.
Em janeiro, a empresa informou que registrou crescimento operacional de 0,8%, quando o grupo “enfrentou uma primeira desaceleração de vendas começando na Ásia, com o crescimento orgânico diminuindo para um negativo de 2,3% no acumulado do ano [12 meses acumulados]”.
Fonte: Valor Econômico