Há cerca de um ano, quando circulavam informações no mercado sobre o interesse da Drogarias Pacheco São Paulo (Grupo DPSP) em vender a operação à americana CVS, a DPSP avançava, de forma paralela, num processo de ocupação de novas áreas pelo país. Esse plano começa, mais claramente, a sair do papel neste ano.
Discretamente, visitas foram feitas a prefeituras e governos nordestinos entre 2014 e 2015 por representantes da cadeia, que tratavam também da construção de um centro de distribuição. Nesse período, as conversas com a CVS foram suspensas – após duas aquisições nos EUA, a CVS engavetou novos projetos – e a rede brasileira apertou o passo no Nordeste.
Já presente na Bahia desde 2007 e em Pernambuco desde 2014, o grupo abriu três unidades em Alagoas e na Paraíba desde o fim do ano passado. No Sergipe, o plano é inaugurar a primeira loja em 2016, usando sempre a marca Drogaria São Paulo. A empresa tentará avançar sobre um mercado que tem sido ocupado de forma mais acelerada, especialmente nos últimos dois anos, por sua principal concorrente nacional, a Raia Drogasil.
A DPSP pretende dobrar o volume de aberturas na região neste ano, de uma média anual de 20 lojas para 40. Para sustentar a perspectiva de crescimento, um novo centro de distribuição alugado começou a operar em janeiro na cidade de Lauro de Freitas (BA), com cerca de 10 mil m2 e investimentos na faixa de R$ 12 milhões.
Entre 2014 e 2015, a Raia Drogasil passou de 39 para 66 farmácias no Nordeste – após pouco mais de três anos de entrada nesse mercado. A DPSP passou de 35 para 58 pontos, ritmo de expansão ligeiramente abaixo da rival, após oito anos de atuação na região.
A líder em vendas Raia Drogasil tem cerca de 1,2 mil farmácias no Brasil (abriu 156 em 2015) e a DPSP, 1.084 (abriu 141 em 2015).
Uma das líderes do setor no Nordeste, a Pague Menos tem 428 pontos na região. A rede abriu 36 lojas no mercado nordestino entre fim de 2014 e setembro de 2015.
O foco no Nordeste cresceu porque, apesar da recessão que também afetou resultados do varejo farmacêutico, o desaquecimento tem sido menor por lá. “As lojas no Nordeste ainda se expandem num ritmo três vezes maior do que as lojas maduras em outros Estados”, diz Roberto Tamaso, diretor de marketing da DPSP, empresa controlada pela família Barata, fundadora da rede Pacheco, sediada no Rio, com 51% da DPSP, e pelo grupo de acionistas da Drogaria São Paulo, com os 49% restantes.
Segundo o executivo, a expectativa é abrir de 130 a 140 pontos em 2016 no país usando, em parte, recursos do caixa. “Será um uso de caixa controlado, em projetos com taxas de retorno já aprovadas pela companhia”, diz ele. “Tem que se considerar também que, apesar da cautela do mercado em relação a maiores desembolsos hoje, determinados investimentos têm ficado mais baratos, como terrenos e pontos. Em certos casos, é um bom momento para expandir”.
Tamaso afirma que o mercado de farmácias ainda cresce acima da inflação (12% em 2015) por conta do envelhecimento da população e pela oferta de produtos menos sensíveis a variações de demanda, como medicamentos. “Percebemos que o número de visitas às lojas caiu com a crise, mas as compras ficaram maiores.”
A DPSP registrou receita bruta de R$ 7,3 bilhões em 2015 – expansão de 16% sobre 2014 -, e projeta crescimento na faixa de 15% em 2016, mas não revela patamar de rentabilidade. O último balaço publicado pela empresa, em 2013, mostrava lucro líquido de R$ 186 milhões para receita líquida de R$ 5,47 bilhões. A companhia não informou o lucro de 2015.