Após um ano fraco em 2018, com um dos mais baixos crescimentos da história recente do grupo, a Drogarias Pacheco São Paulo (DPSP) lança iniciativa para fortalecer o seu braço digital. A empresa projeta para este ano um crescimento “um pouco acima do mercado”, disse o presidente da empresa, Marcelo Doll.
Para efeito de comparação, a associação de farmácias projeta alta entre 9% e 10% para o setor no ano. Em 2018, a receita líquida da DPSP, segundo maior grupo do setor, atingiu R$ 9,1 bilhões, expansão de cerca de 3% — a mais baixa dos últimos cinco balancetes, pelo menos, calculou o Valor.
O lucro líquido caiu 23%, para R$ 216,5 milhões. A margem bruta não evoluiu, ficou em 31,5% em 2018, versus 31,6% um ano antes, segundo dados publicados no “Diário Oficial de São Paulo”.
Sobre o desempenho, Doll afirma que um incêndio de grandes proporções em maio, no segundo maior centro de distribuição do grupo em Pavuna (RJ), sede da Pacheco, afetou a rede. O local tinha seguro contratado e um novo centro foi aberto semanas depois na região. De qualquer forma, normalmente isso gera rupturas nas lojas e aumenta despesas. “É algo que está superado, houve efeito, mas contornamos a situação”, diz.
Segundo analistas, grandes varejistas têm sentido uma piora do ambiente concorrencial, pressionadas pelas cadeias regionais e independentes, não ligadas a grandes grupos, especialmente em praças maduras, como São Paulo. A Panvel, do sul do país, entrou em São Paulo em 2016, ganhando participação de mercado na região entre 2016 e 2018, área com forte atuação da Drogaria São Paulo.
Esse aumento da competição obrigou as varejistas líderes a ampliarem seus negócios on-line. “O digital virou um diferencial nesse cenário de competição das farmácias”, disse Doll. “É nessas horas que se vê a capacidade de as redes se organizarem e reagirem”.
O acirramento da rivalidade reduz preços, pressiona margens e obriga as redes a buscarem formas de defender as suas receitas, dizem consultores. “As redes que têm capturado mais valor são as que estão conseguindo se posicionar melhor no digital”, diz Roberto Tamaso, diretor comercial da DPSP.
Segundo Doll, a DPSP lançou na semana passada um novo aplicativo chamado “Meu Viva Saúde” para avançar na estratégia de criar uma operação integrada do on-line com lojas físicas. É um movimento que ocorre meses depois de a Raia Drogasil (RD) comprar a Onofre. Com a aquisição, a RD anunciou o plano de focar a marca Onofre, forte no Sudeste, apenas no comércio eletrônico.
Somadas, a RD e a Onofre são maiores que a DPSP. O grupo RD tem quase 2 mil pontos e pouco mais de R$ 15 bilhões em vendas líquidas ao ano. Na Onofre, 45% da venda de R$ 500 milhões em 2018 veio do site. Na RD, o on-line representa “um dígito baixo” das vendas, apurou o Valor — mas a aquisição da Onofre subiu o número geral. Na DPSP, o on-line também equivale a um dígito das vendas.
De acordo com Tamaso, pelo novo aplicativo da DPSP o cliente tem várias opções de serviços, exceto comprar, o que é possível por meio de outro app.
A DPSP projeta cerca de cem aberturas em 2019 — menos da metade da Raia Drogasil. Em 2018, foram 109. Questionado sobre resultados do acumulado do ano, o grupo não comenta números.
Fonte: Valor Econômico