O Grupo CRM, dono da Kopenhagen e da Brasil Cacau, abriu uma nova rede, com foco em cafés, a Kop Koffee. A primeira unidade começou a operar nesta semana, em São Paulo. É a entrada num negócio que não está centrado apenas no atual foco da companhia, os chocolates. Há também a venda de sanduíches, salgados, pizzas e sucos.
É um passo no sentido de ampliar o escopo de atuação da empresa num momento em que grandes grupos franqueadores se unem ou adquirem novas redes para se tornar consolidadores de negócios no país.
“Com a Kop Koffee, queremos criar um modelo mais completo de marcas. Nossa ideia é seguirmos sozinhos, apesar desses movimentos de fusão e aquisição no setor”, diz Renata Moraes Vichi, vice-presidente executiva do Grupo CRM.
O grupo faturou pouco mais de R$ 1,3 bilhão em 2018 e a meta é chegar a R$ 1,5 bilhão neste ano com as três marcas. O crescimento projetado, de 15%, está em linha com o obtido no ano passado, segundo a empresária. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla em inglês) avançou 20% em 2018. A empresa não informa o valor.
Com a Kop Koffee, a previsão é abrir mais duas unidades próprias neste ano em São Paulo, no shopping D&D, na capital paulista, e no Smart Outlet, em Guarulhos (SP), além da unidade da avenida Paulista aberta na terça-feira, com cerca de 45 m2. Os outros pontos devem ter de 9 m2 a 12 m2, com investimento de R$ 250 mil e R$ 350 mil, respectivamente. É um valor dentro da média de concorrentes, como a rede Suplicy, e abaixo do Vanilla Café, para mesma metragem.
Para o ano que vem, há previsão de 15 a 20 inaugurações. A abertura para franqueados deve ocorrer na segunda metade de 2020, quando o modelo estiver melhor testado. Em até três anos, a projeção é de inauguração de 200 a 250 unidades. “É uma operação um pouco mais complexa, mas tentamos reduzir os complicadores para que seja replicável”, diz Vichi.
A área de cozinha (algo que não existe nas outras redes do grupo) deve receber os salgados e a pizza pré-prontos. As mesas e cadeiras terão material mais leve e barato que a loja conceito, da avenida Paulista — localizada ao lado de uma unidade da Starbucks, controlada pelo fundo SouthRock.
A primeira cafeteria custou R$ 1 milhão. Ainda foram investidos mais R$ 10 milhões no processo de criação da marca, o que inclui consultoria e desenvolvimento. O grupo projeta faturamento adicional de cerca R$ 25 milhões em 2020 com a nova rede — ou seja, considerando 12 meses de vendas de, pelo menos, 15 lojas, além das três unidades abertas em 2019.
Sobre a abertura ao lado da rival Starbucks, Vichi entende que a área já atrai consumidores de cafés, e a nova loja potencializa isso. “Antes, tínhamos uma Brasil Cacau no local, e foi o ponto indicado para uma conversão pelos estudos. Temos nossas marcas, eles têm as deles”, diz ela, ao se referir às linhas Nhá Benta e Língua de Gato, ambas da Kopenhagen, que batizam produtos no menu da Kop Koffee. Não há novas conversões de Brasil Cacau em Kop Koffee no plano.
O mercado de cafeterias é altamente pulverizado no país, e em certas capitais, o grupo passará a concorrer com redes como Suplicy e Santo Grão. Algumas marcas têm se expandindo para o mercado corporativo, com abertura de pontos em edifícios comerciais e aeroportos — segmentos que também interessam à CRM. As redes Havanna e Suplicy começaram a fechar acordos para abrir pontos dentro de empresas nos últimos anos.
Segundo a Euromonitor, há cerca de 3,5 mil cafeterias no Brasil. Ao se considerar padarias e lanchonetes, o número passa de 13 mil empreendimentos.
Segundo a empresária, a CRM é frequentemente sondada por empresas e fundos para a venda de participação no negócio. O Valor apurou que, no ano passado, pelo menos dois fundos de private equity estrangeiros sondaram a empresa. Não houve avanços. “Eles [representantes da companhia] nem quiseram conversar muito”, diz a fonte de um fundo. “O que nos atrai mais é um parceiro estratégico”, afirma a filha de Celso Ricardo de Moraes, das siglas CRM, presidente e personagem central na definição da estratégia do grupo.
A companhia soma no total cerca de 800 lojas, sendo metade da Kopenhagen e metade da Brasil Cacau. Ainda é sócia da Lindt, que tem 40 pontos no país, com 49% de participação no negócio. A previsão é de 40 inaugurações de Kopenhagen e 60 de Brasil Cacau em 2019, por meio de franquias.
Fonte: Valor Econômico