A empresária Cecília Ana Rubini Menegotti, fundadora da Malhas Menegotti, hoje grupo AMC Têxtil, de Jaraguá do Sul, controlador das marcas Colcci, Tufi Duek e outras, recebeu a comenda Ordem do Mérito Industrial concedida pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). Cecília, segunda empreendedora a receber essa distinção, falou com a coluna sobre sua trajetória, crise e Gisele Bündchen. Na foto, a empresária com a família após a homenagem.
Como recebeu a Comenda do Mérito Industrial da Fiesc?
Com um coração imenso, aberto para receber todas as mulheres que represento nesta homenagem especial.
O que achou da polêmica sobre a falta de uma mulher no ministério do presidente em exercício Michel Temer?
Eu acho que o momento político é fazer acontecer para o Brasil crescer. É preciso buscar a solução para a crise. Acredito que ele pegou uma equipe com sintonia para nos tirar da recessão. Acho que as pessoas têm que ser competentes. A mulher está sendo representada em outros cargos e, quando o presidente puder, vai oferecer posto no primeiro escalão para uma mulher.
Acredita que este governo vai tirar o Brasil da crise?
Ainda vamos sofrer bastante, mas vamos dar conta.
Sua empresa foi muito atingida pela recessão?
Não, porque a gente vai atrás, dribla as dificuldades.
A modelo Gisele Bündchen é a grande estrela da Colcci. Qual é a sua opinião sobre o trabalho dela?
A Gisele é uma ótima profissional, uma pessoa muito simples, tem uma alegria contagiante. Tudo o que se pode esperar de uma modelo ela tem. Gisele representam muito bem a mulher.
Como foi sua trajetória até se tornar empreendedora?
Fiz curso de normalista e me formei professora, lecionando em período integral em duas escolas. Em 1969 me casei com Ademar Menegotti. A melhor lembrança de minha vida foi o nascimento de meus filhos Margarete e Alexandre. A nossa história familiar se mistura com a história da empresa.
Como iniciou a Malhas Menegotti?
No início dos anos 1980 havia um ciclo de pequenas confecções que adquiriam malhas e saldos das grandes malharias da região. Foi quando vislumbrei a possibilidade de unir o pensamento de trabalhar e estar junto com os filhos. E em outubro Ademar e eu fundamos em Jaraguá do Sul , um comércio de malhas em rolo. A malha era tecida e tingida em facções terceirizadas. A empresa, a princípio , dedicava-se ao comércio de malhas e artigos de vestuário. Naquela época, conseguir uma cota mensal de fios já era considerado um patrimônio. Isto foi conseguido junto à Fiação São Bento, mas pagamentos tinham que ser à vista. Em 1983 passamos a fornecer malhas diretamente para as confecções de pequeno porte nos estados de Santa Catarina e Paraná.
De que forma a fábrica cresceu?
Em 1986, meu esposo passou a fazer parte efetiva nas atividades. Então adquirimos os primeiros teares, substituindo assim a facção de tecelagem pela produção própria. Passamos a atender o setor de atacadistas de toda a região do Sul do Brasil , com representantes para vendas direta. Em 1988 foi construído o primeiro prédio próprio para instalação da malharia e tinturaria. Foram adquiridos mais teares e a capacidade de produção foi ampliada. Mais tarde, buscando novos mercados, as vendas alcançaram a região Nordeste do Brasil.
E as novas tecnologias?
Buscamos constantemente novas tecnologias. Lançamos em 1990 uma malha mercerizada com 90 centímetros de largura, que proporcionava melhor aproveitamento e redução de desperdício, satisfazendo assim a necessidade de nossos clientes. Muitos investimentos foram feitos e aumentamos nossa capacidade produtiva com a compra de mais máquinas. A partir de 1993, ingressamos definitivamente no mercado produtor de moda , com a criação de cartelas de cores a cada estação e o desenvolvimento de produtos destinados a este mercado. Nossa logomarca foi desenvolvida a partir da idéia de vestir o mundo com malhas da Menegotti. E, o que era um propósito hoje é realidade!
Quais são as razões do sucesso?
Nós produzimos mensalmente 1.100 toneladas, ou seja, 4 milhões de metros de malhas. Uma grande diversidade de produtos de moda são lançados a cada três meses. A pesquisa e o desenvolvimento constantes, utilizando todos os tipos de fibras , acabamentos de alta tecnologia e inovação integram todos os colaboradores na mesma ideologia que tive no início … ver além, enxergar o que ninguém vê.
Como entraram no mundo da moda?
Em 2000, decidimos ampliar os negócios e investimos no segmento de confecção de moda. Adquirimos a marca Colcci. Isso consolidou a presença da empresa nos mercados nacionais e internacionais, o que determinou a expansão e modernização do parque fabril e o aumento na quantidade de empregos diretos e indiretos. Em setembro de 2003, o setor de confecção tornou- se importante para o grupo com dois segmentos de negócio: têxtil e moda, o primeiro de tecidos de malhas em rolo com a marca Malhas Menegotti; e o segundo de confecções, com a marca Colcci. Hoje, temos também as marcas Malhas Menegotti, Sommer, Fórum, Triton, Tufi Duek, Licenciados Coca-Cola Jeans, Mormaii e Chilli Beans. Nossas duas principais unidades estão localizadas em Jaraguá do Sul, sede da Malhas Menegotti, e em Itajaí, sede das confecções. Somos comprometidos a produzir artigos de moda de forma sustentável, zelando pela preservação ambiental, investindo constantemente em tecnologia para economia de água, energia e redução de emissão de gases.
Como vê o grupo hoje?
Somos uma empresa 100% brasileira. Conheço as diversidades, a cultura e continuo acreditando neste país, porque moda é o ar que respiramos.