Conversão de pizzarias independentes começou no ano passado e deve ser acelerada agora. Unidades de modelo enxuto poderão trabalhar com cardápio selecionado e terão foco no delivery
Por Paulo Gratão
Pizzarias de bairro e de cidades pequenas entraram no radar da Domino’s para expansão. A rede de origem norte-americana quer transformar pequenos negócios independentes em franquias, para ampliar o alcance da marca no país e atingir ainda mais consumidores. Além disso, aposta no novo modelo de negócio mais barato, o City Hall, orientado para o delivery, para ajudar a turbinar a expansão em praças menores.
O formato City Hall deve ser apresentado na feira ABF Franchising Expo, que acontece na próxima semana em São Paulo, e os detalhes foram adiantados a PEGN.
Atualmente, a Domino’s tem cerca de 315 lojas ativas no Brasil, sendo que 215 são franquias. A previsão é inaugurar mais 30 unidades até o final do ano, e os novos modelos serão uma ferramenta importante para alcançar esse objetivo, de acordo com o diretor de expansão da rede, Gean Mark.
“A demanda veio do próprio mercado. As pessoas nos procuravam para pequenas cidades, e a gente sabe que se autorizássemos uma franquia lá teríamos dificuldade de ter resultados. Sabemos que aquela loja vai vender 40% a menos que uma unidade tradicional, e precisaria também custar 40% menos”, explica.
O objetivo é levar o modelo de City Hall para cidades abaixo de 200 mil habitantes. “Principalmente menores de 100 mil habitantes.” As lojas terão foco no delivery, um forno menor e um cardápio reduzido, que prioriza os sabores mais vendidos em pizzarias tradicionais na região. “No interior de São Paulo, por exemplo, se vendem muito as mesmas pizzas. Cerca de 80% da nossa venda está em seis sabores. Assim, existe a possibilidade de o franqueado trabalhar com pizzas mais tradicionais”, diz.
As cidades pequenas e médias entraram na rota de expansão de diversas marcas de franquia nos últimos anos: CNA, Mr. Cheney e Ri Happy, por exemplo, lançaram formatos menores recentemente, de olho nesse nicho.
O investimento inicial para o modelo City Hall da Domino’s é a partir de R$ 640 mil, e pode variar de acordo com as condições do imóvel. A previsão é que a loja funcione em um espaço de 50 metros quadrados e tenha um payback em até 48 meses. Para efeito de comparação, o aporte necessário para uma Domino’s tradicional, com salão, é a partir de R$ 850 mil.
Outra aposta que tem ajudado a marca a se expandir é a conversão de pizzarias independentes em franquias. Das cinco unidades em teste dos novos formatos, quatro são neste modelo e uma é do City Hall. As aberturas começaram no ano passado. “É um modelo mais rápido de implementar, porque o franqueado já tem experiência no ramo e conhece o cliente local. Chegamos com insumos, aplicativo, site e toda a estrutura da franqueadora. Entregamos tudo pronto para ele. Ele vende mais com despesa menor e saímos na frente, porque nossa rampa de venda se adianta em dois anos”, afirma Mark.
Os valores para investimento nesse modelo variam de acordo com a estrutura que o empreendedor já tem. “Tem parte que não dá para negociar, precisamos cumprir a padronização internacional.” De acordo com o executivo, os aportes feitos têm sido entre R$ 100 mil e R$ 300 mil, mas ainda não há uma média fechada.
Mark não abre números, mas diz que o faturamento de 2021 foi 12% maior do que em 2020, e já alcançou o que a rede fazia em 2019. “Neste ano, já estamos com same store sales positivo.” Para 2022, a rede prevê um crescimento de 20%, com investimentos de R$ 10 milhões em tecnologia. De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF), as redes de food service cresceram 9,1% em faturamento no primeiro trimestre de 2022, em relação ao mesmo período no ano passado.
No Brasil, a Domino’s é operada pela máster-franquia DP Brasil, controlada pela Vinci Partners. Em julho do ano passado, a marca quase foi adquirida pelo BK Brasil (hoje Zamp), que controla os restaurantes do Burger King e Popeyes, mas o acordo não foi para frente.
Fonte: PEGN