Após amargar retração de 6% nas vendas de maio – em razão da paralisação dos caminhoneiros –, o varejo de materiais de construção tenta manter a perspectiva positiva e sustenta intenção de crescer 8,5% neste ano, com faturamento de R$ 160 bilhões. O desempenho, no entanto, pode tropeçar na alta do dólar.
“Nesse mês de junho, ainda vamos sentir um pouco o impacto de queda que tivemos em maio. Também com a pressão do aumento do dólar, a estimativa é que a reposição de preço nos produtos seja de 6% a 8%”, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz.
Segundo ele, mesmo com o aumento de preços “provocados pela tabela mínima de frete e as oscilações do câmbio”, o setor deve se beneficiar da estagnação da construção civil e de um aumento no número de divórcios no País. “As pessoas tendem a optar mais pela reforma do que trocar de imóvel. Além disso, no ano passado, tivemos 350 mil divórcios no Brasil”, explicou Conz.
Na visão do professor de macroeconomia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) André Diz, o setor de material de construção “surfou” na onda do boom imobiliário que aconteceu no País entre 2008 e 2013.
“A partir desse momento, [esse setor] concentrou-se mais no sentido da realização de reformas nos imóveis”, argumentou o economista.
Mais comedido, o diretor geral da atacadista de material de construção Obramax, Micheal Reins, diz que a recuperação concreta se dará após a decisão nas urnas. “A recuperação é lenta, existe ainda estoque de imóveis depois de 2 e 3 anos com muitos distratos [quebra de contratos imobiliários].
Dependendo do resultado da eleição, poderemos ter uma retomada mais firme de confiança do consumidor podendo levar a uma nova dinâmica no setor imobiliário e consequentemente para a construção civil”, afirmou.
Ele confirmou, sem dar percentuais, que a alta do dólar vai impactar o preço de produtos como fios e cabos por conta da matéria-prima, o cobre.
Vendas virtuais
Em relação ao percentual de participação do e-commerce nas vendas da marca, Reins explica que atualmente as compras online representam 2% do total comercializado, mas que considera o canal mais uma alavanca para os clientes “em particular os profissionais e pequenos revendedores.”
Em contrapartida, o presidente da Anamaco diz que não vê a internet ocupando um posto importante tão cedo na maioria vendas do setor, já que convencionalmente estas são feitas pelo telefone ou de forma presencial. Ele argumenta que existem muitas “variáveis” na hora de comprar um material de construção e, por isso, decidir por algum produto apenas pela “tela do computador ou celular” não é viável.
Fonte: DCI