Há marcas que interessam às duas empresas, o que pode mexer com preços de ativos desse setor daqui para frente
A aquisição da varejista de moda Reserva pela Arezzo é o início de uma movimentação de novas aquisições no setor, que deve pôr no centro da disputa a empresa da família Birman, o Grupo Soma e, correndo por fora, a Uni.co, dona da Puket.
Como o Valor Pro, serviço em tempo real do Valor, antecipou em agosto, a Arezzo estava analisando neste ano a compra de duas a três marcas de vestuário para entrar nesse segmento, ao mesmo tempo que a Soma já definia um conjunto de ativos prioritários para aquisição.
Há marcas que interessam às duas empresas, o que pode mexer com preços de ativos desse setor daqui para frente. É que essa nova onda de avaliação de novos negócios pode envolver outras marcas que estão na lista de desejos da Arezzo e da Soma, apurou o Valor.
Nesse grupo, estão a Amaro, marca com forte atuação no digital, e a Osklen, da Alpargatas. Sem maior interesse da Arezzo, mas ainda na lista da Soma, estão a Lenny Niemeyer, de biquinis, Rocha Chá, Le Lis Blanc (com pouquíssimas chances, para não dizer nenhuma, de a Restoque se desfazer) e a Cris Barros. Há cerca de 30 marcas que Soma vê como com potencial de crescimento no país.
Paralelo a esse movimento, a Uni.co, dona da Puket, avança em sua abertura de capital, como antecipado pelo Valor Pro na quarta-feira, e deve avaliar aquisições especialmente da área de roupas íntimas. Mas com menor poder de fogo que Arezzo e Soma, a Uni.co não deve bater de frente com operações que as duas decidirem avançar.
Até agora fora dessa disputa, a Inbrands, que quer vender suas marcas porque precisa fazer caixa, não avançou numa venda. Apesar de ter sondado interessados na VR — a empresa chegou a mencionar a credores debenturistas que pode se desfazer da marca — ainda não há acordo avançado com potenciais interessados.
As ondas de aquisições no setor de moda nem sempre foram precedidas de sucesso. Na prática, deram dor de cabeça a seus controladores — a Inbrands busca uma renegociação de dívidas, e a Restoque, apesar de estar em situação financeira mais tranquila que a Inbrands, pediu recuperação extrajudical neste ano.
Problemas de integração de marcas, falta de entendimento entre sócios ou alta alavancagem sempre atrapalharam planos de uma consolidação mais acelerada nesse setor, algo que a pandemia pode ajudar a “destravar”.
Pessoas próximas à Arezzo e Soma dizem que, dessa vez, a história pode ser diferente, porque ambas são empresas que partem para aquisições com plano de sinergias e questões societárias mais “preto no branco” diz uma fonte, e com profundo conhecimento do funcionamento de cada marca do portfólio, o que no passado, na busca acelerada de algumas empresas por marcas, nem sempre aconteceu.