Data deve movimentar R$ 28 bilhões para empresas de comércio e serviços. Saiba como se preparar para aumentar as vendas, mesmo em um cenário econômico incerto
Por Paulo Gratão
Uma das datas mais importantes para o varejo brasileiro, o Dia das Mães está próximo. Celebrada no segundo domingo de maio, a festividade costuma movimentar lojas e shopping centers, com filhos em busca de presentes para as matriarcas, bem como bares e restaurantes, na própria data, com famílias reunidas para a ocasião. Esse cenário não foi muito comum nos dois últimos anos, devido às fases mais restritivas da pandemia, mas promete voltar com força em 2022.
Um estudo feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em todas as capitais, em parceria com a Offerwise, mostra que 79% dos consumidores devem realizar pelo menos uma compra no período. Em números absolutos, a expectativa é de que aproximadamente 127,2 milhões de brasileiros presenteiem no Dia das Mães deste ano, o que deve movimentar uma cifra próxima de R$ 28 bilhões nos segmentos de comércio e serviços.
O estudo ainda diz que 37% dos consumidores pretendem comprar a mesma quantidade de produtos do ano passado e 33% esperam gastar mais, principalmente em um presente melhor (41%). Diante disso, o empreendedor precisa se preparar para encontrar um novo consumidor, que já iniciou sua jornada no digital antes de ir à loja e que está com um bolso mais impactado pela inflação e/ou pelo desemprego.
PEGN conversou com os especialistas Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), e Lyana Bittencourt, CEO do Grupo Bittencourt, para entender quais são as tendências para as vendas no Dia das Mães em 2022. Confira:
1. Vendas digitais continuam fortes
Com as lojas abertas sem restrições, as vendas digitais diminuíram, mas não voltaram ao patamar de 2019. Terra diz que o varejo, como um todo, ainda tem 11% das transações vindas de canais digitais.
A tendência para 2022 é que o consumidor prefira retirar os presentes presencialmente, mas a jornada de compra deve começar antes, nas redes sociais, no WhatsApp e até no site de sua loja. É importante reforçar o atendimento online e os meios logísticos.
Bittencourt explica que o empreendedor precisa se preparar para aproveitar o fluxo que pode ser gerado pelas compras online que serão retiradas nas lojas. “Torne a experiência de retirada agradável e tenha a oportunidade de aumentar o tíquete médio com upselling, ou seja, vender mais produtos para quem for apenas retirar os já comprados ou ainda de cross selling, que é vender produtos complementares aos já adquiridos.”
2. Presentes, restaurantes e supermercados devem ter aumento nas vendas
Os especialistas acreditam que o segmento de itens presenteáveis, como moda, cosméticos, chocolates, eletroportáteis e eletroeletrônicos deve se destacar na data. O tíquete médio mensurado na pesquisa da CNDL/SPC será de R$ 221. No entanto, algumas experiências também devem ganhar campo neste ano, como uma “recompensa” pelos dois últimos anos pandêmicos. Bittencourt cita experiências como viagens e day spa como fortes tendências de consumo para a data.
O varejo alimentar, como um todo, deve sentir reflexos. Restaurantes devem ter um maior movimento no Dia das Mães, e supermercados também devem perceber um movimento maior. “É um período em que, historicamente, esses segmentos se aquecem, pois as famílias aproveitam para se reunir em casa ou em restaurantes”, explica Terra.
Bittencourt sugere que os empreendedores que comandam restaurantes preparem os salões para receber mesas com mais lugares, além pensar em mimos e uma decoração diferente. Também é importante não se descuidar do delivery.
3. Controle o estoque e aposte em descontos e parcelamentos
Apesar do otimismo, os empreendedores têm menos espaço para errar no estoque no atual momento econômico. Uma saída é estimular os consumidores a fazerem compras antecipadas, com benefícios vantajosos. “Da mesma forma, gerar o senso de urgência e de escassez por meio de descontos ou oportunidades exclusivas para períodos determinados pode fazer com que o consumidor tome a decisão de compra mais rápido”, sugere Bittencourt.
Para conseguir converter essas vendas antecipadas é necessário ter criatividade, principalmente em momentos de restrições orçamentarias causadas pela inflação. “Temos um cenário complicado de renda que deve ser levado em conta em datas como essa, em que há intenção, mas não há poder de compra”, explica Terra. No entanto, ele lembra, há dinheiro entrando no mercado, como o saque extraordinário do FGTS, que pode ser utilizado para a compra de presentes.
As soluções para alcançar o bolso do consumidor, de acordo com os especialistas, são o parcelamento mais flexível e os descontos. Terra menciona que até mesmo serviços de uso recorrente, como farmácias e supermercados, têm apostado em parcelamentos mais longos.
Já a ferramenta de descontos pode ser usada de várias formas, os especialistas mencionam duas: kits com produtos complementares, que proporcionem maior volume de vendas, com maior possibilidade de abatimento relevante no valor final, ou estratégias criativas, como uma seção de venda de itens com vencimento próximo. O consumidor sabe que está comprando algo perto da validade e leva por um preço mais em conta.
Fonte: PEGN