Para este ano, a estimativa é de receita de R$ 236 bilhões, com 6,29 bilhões de peças vendidas, segundo consultoria Iemi
Por Raquel Brandão
O ano de 2022 começa com um otimismo cauteloso para o varejo de moda brasileiro. O mês de dezembro foi de melhora nas vendas ante o ano anterior, mas o aumento de casos da variante ômicron e de influenza fazem as pessoas voltarem a ficar mais dentro dos seus lares e podem esfriar a recuperação do setor. Além disso, fatores macroeconômicos devem pesar e tirar o fôlego das vendas de janeiro e fevereiro.
Em dezembro, segundo a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), nove em cada 10 redes varejistas reportaram resultados de vendas melhores em relação ao mesmo mês de 2020. A associação representa mais de 100 grandes marcas do varejo de moda nacional.
Das respondentes, 93% avaliaram que as vendas das lojas físicas tiveram melhor desempenho e apenas 7% disseram que o resultado foi igual ou pior no comparativo entre dezembro de 2021 e dezembro de 2020. Já o resultado do varejo on-line, neste mesmo período, foi considerado melhor por 62% das varejistas. Sendo que 38% consideraram igual ou pior no comparativo.
A estimativa do setor é de que as vendas tenham chegado a R$ 223 bilhões em 2021 e 6,04 bilhões de peças, um avanço de 19,25% e 15,1% ante 2020, respectivamente. Os dados são da consultoria Iemi Inteligência de Mercado. Para este ano, a estimativa é de receita de R$ 236 bilhões, com 6,29 bilhões de peças vendidas.
Edmundo Lima, diretor executivo da Abvtex, porém, destaca que o horizonte ainda aponta dificuldades.
“Tivemos um final de ano com bons resultados, mas neste primeiro semestre teremos desafios provocados pela corrosão da renda do consumidor devido ao aumento da inflação, à volatilidade do dólar e à manutenção do nível de desemprego em patamares elevados”.
Ele lembra que os primeiros meses são de gastos extras para a população, como volta às aulas, IPVA e IPTU.
Conforme o Valor apurou nesta semana, de 27 de dezembro a 2 de janeiro, os shoppings tiveram queda de 11% nas vendas sobre o período antes da pandemia (fevereiro de 2020), segundo relatório da Abrasce, a associação de shopping centers. O relatório é feito em parceria com a Cielo.
Sobre o mesmo intervalo de 2020, há alta de 5%. Os shoppings centers são importante ponto de vendas para o varejo de moda, por isso o indicador também ajuda a dar ideia do que esperar.
Na B3, o último pregão foi no campo positivo para as empresas do setor de consumo. O índice ICON, que busca ser um indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade dos setores de consumo cíclico, consumo não cíclico e saúde, subiu 1,92% nesta terça-feira, mas amarga queda de 9,40% no acumulado de um mês.
Olhando para os papéis das grandes varejistas, o mercado deu sinais mais positivos nas negociações de ontem. Guararapes, dona da Riachuelo, subiu 3,03%. Lojas Renner avançou 2,27% e Marisa, 1,98%. Já a C&A saltou 4,38%.vvv
Fonte: Valor Econômico