Foi com o advento do fast-fashion que as marcas de luxo tiveram que começar a se reinventar. As tendências de moda deixaram de ser ditadas por uma minoria elitista e passaram, cada vez mais, a sofrer influência do que estava sendo usado nas ruas.
Em plena era da tecnologia e da informação, ninguém mais tem tempo (ou paciência) para esperar seis meses até a chegada das novas tendências às lojas. As pessoas querem o aqui e o agora. Ver, comprar e sair usando.
A breve explicação sobre algumas das mudanças que o mercado da moda (e consequentemente do varejo também) vem sofrendo nos últimos anos serve também como uma introdução ao assunto principal do post de hoje: a Gucci.
A grande questão é, como uma marca que foi fundada em 1921 consegue – quase cem anos depois – se manter como uma das mais desejadas entre os millennials? Afinal, o que faz a longevidade de uma marca?
A tradição e a qualidade podem ser um bom começo, mas a única coisa que realmente mantém a popularidade e o desejo vivos é a reinvenção. A capacidade de entender o mundo e a sociedade atual e saber como mudar e se transformar. Foi o que fez a Gucci.
Estive recentemente em Florença, na Itália e não pude deixar de conferir o mais novo espaço da Gucci na sua cidade natal: o Gucci Garden, que inaugurou em fevereiro de 2018. Uma mistura de loja, museu e restaurante que te transporta imediatamente para o mundo da marca.
O espaço é o verdadeiro paraíso dos amantes de moda. O primeiro andar, onde fica a loja, é dividido em duas partes: uma com os produtos da coleção atual da marca e outra com os produtos exclusivos do Gucci Garden, que incluem objetos de decoração, itens de papelaria, livros e revistas mais conceituais, entre outros. É lá também que está a Gucci Osteria, restaurante com menu assinado por ninguém menos que Massimo Bottura, considerado um dos melhores chefs do mundo.
O segundo e terceiro andar do prédio abrigam o museu – que, aliás, foi um dos museus mais bem cuidados e bem montados que vi durante a viagem pela Itália. A entrada do museu é gratuita para estudantes e custa $8 para os demais visitantes. É importante dizer que 50% da arrecadação dos ingressos é destinada a restaurar os tesouros de Florença. A Gucci é uma forte “patrocinadora” da sua cidade natal. Estão envolvidos em vários projetos de restauração de locais históricos e exposições artísticas.
A Gucci já teve seus altos e baixos de popularidade ao longo dos anos e tem vivido tempos áureos desde a chegada de Alessandro Michele como diretor criativo em 2015. Hoje, é considerada uma das marcas mais desejadas entre as novas gerações. Andar pelo museu entre peças de roupa impecáveis, instalações de Jayde Fish, frases de Coco Capitán, efeitos visuais e sonoros e uma sala em homenagem a cantora Björk que chega a emocionar, é sem dúvida uma experiência e tanto.
Tudo isso para mostrar o que significa ser uma (real) marca de luxo na era do fast-fashion. Ser uma marca de luxo precisa ir muito além de vender produtos a preços fabulosos e se tornar mero sinônimo de status. A verdadeira marca de luxo oferece um serviço impecável de ponta a ponta. Gera encantamento, admiração. Defende propósitos e causas. Questiona, se posiciona, lança tendências. Não tem medo de arriscar na busca pela inovação.
Para mim, a Gucci tem se provado uma das poucas marcas que realmente merecem essa classificação atualmente. Tendo passado pela experiência no espaço físico da marca, posso dizer que em termos de serviço e apresentação dos produtos, eles são incríveis. Os vendedores são extremamente gentis e educados, os produtos milimetricamente bem apresentados e o material impresso sobre o museu de qualidade excepcional – isso pra não falar da embalagem criada exclusivamente para o Gucci Garden.
Concluindo, voltamos aqui à nossa velha conversa sobre experiência no mercado do varejo. Achei esse um exemplo perfeito de uma experiência completa e 100% alinhada com a imagem e propósito da marca. Não importa qual o seu mercado, busque formas de encantar o seu cliente, trazer ele até você e, o mais importante, entregue exatamente aquilo que prometeu (ou mais). Eu garanto que ele vai voltar.
Fonte: Olho no Varejo