O varejo começa a dar os primeiros passos para sair do atoleiro. Em 2019, o setor espera um ritmo de crescimento linear – principalmente em segmentos de bens de consumo duráveis, em que ainda há uma demanda reprimida – e estoques mais adequados.
De acordo com o coordenador da sondagem de comércio da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rodolpho Tobler, a perspectiva de retorno de um ciclo de crescimento mais linear no varejo se sustentará por meio de fatores macroeconômicos.
“Com a recuperação do mercado de trabalho de forma contínua, os juros em patamar baixo e a inflação controlada, o setor deverá fechar 2019 com um resultado melhor do que no ano passado”, afirma o coordenador.
Ainda de acordo com Tobler, a confiança que o mercado está construindo sobre o cenário econômico e um maior acesso ao crédito por parte do consumidor deverão influenciar a demanda reprimida no segmento de bens de consumo duráveis.
“Neste contexto, acredito que itens como eletrodomésticos e eletroeletrônicos deverão se beneficiar da concessão de novas linhas de crédito ao consumidor, tendo em vista que esses segmentos tiveram queda no período de crise”, argumentou.
Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor do varejo registrou um crescimento de 4,4% no volume de vendas no mês de novembro sobre o mesmo período de 2017, resultado puxado sobretudo pelo movimento da Black Friday.
“Temos que levar em consideração os bons resultados disseminados pelos segmentos dentro do comércio. Isso prova que a retomada do varejo vai além da alta de vendas da Black Friday, apesar do desempenho negativo dos comerciantes durante a greve dos caminhoneiros, eleições e período de Copa do Mundo”, acrescenta Tobler.
Segundo o balanço mensal do IBGE, dentro do varejo restrito – que não inclui o comércio de peças automotivas, motos, carros e material de construção –, apenas dois segmentos apresentaram desempenho negativo: livros e jornais (-1,9%) e equipamentos para escritórios (0,2%).
Para o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), Guilherme Dietze, em 2019 os lojistas devem ter uma visão mais clara sobre a intenção de compra do consumidor e, por isso, compor melhor os estoques. “O que temos percebido é que os empresários, aos poucos, têm dosado melhor a estocagem de mercadorias de 2017 até agora”, relata.
Neste sentido, ele pontua que os lojistas que atuam nos segmentos de eletrodomésticos e vestuário conseguiram iniciar o ano de 2019 com níveis de armazenagem adequados à demanda, em virtude do bom desempenho na Black Friday e no período natalino.
Conforme levantamento da FecomércioSP, em dezembro de 2018 o número de empresários do setor varejista que consideravam os estoques em nível adequado à demanda aumentou 8,8% em relação ao registrado em igual período do ano anterior.
Fonte: DCI