Os primeiros segmentos que sentiram os efeitos da crise durante o distanciamento social devem ser os primeiros, também, a reagir durante a retomada da economia.
De uma forma ou de outra, todos os setores da economia foram afetados pela pandemia da Covid-19. Alguns, chamados “essenciais”, como supermercados e farmácias, e também o setor de material de construção até registraram crescimento nas vendas durante a crise, mas, a grande maioria amargou com enormes prejuízos. Agora, com o início da vacinação da população, vislumbramos uma luz no fim do túnel, mas não sabemos ainda, quanto tempo levará para que o mercado consiga se reorganizar.
Em dez meses de abre e fecha do comércio e de serviços e de frequentes reduções do horário de funcionamento das empresas, devido à obrigatoriedade do distanciamento social, os setores de Serviços que envolvem contato humano, como turismo, eventos, bares e restaurantes, estética e esportes, entre outros, foram os mais afetados. Somente entre março e agosto de 2020, 49,9 mil empresas de serviços turísticos fecharam as portas no Brasil, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Na esteira dos Serviços, está o comércio de produtos “supérfluos” como roupas, sapatos, acessórios e cosméticos, segmentos que precisaram se reinventar para continuar a vender, por exemplo, traje de festa, colar ou roupa de malhar, para pessoas que estavam confinadas em casa.
A boa notícia – se é que podemos chamar assim – é que, segundo especialistas, uma vez controlada a pandemia, justamente os setores que mais sofreram voltarão a lucrar com a demanda reprimida, principalmente o turismo, os eventos e os entretenimentos. As festas de casamentos, formaturas, espetáculos e as viagens de lazer que foram canceladas voltarão a acontecer, aquecendo toda a cadeia em torno desses setores, inclusive o varejo.
Mas tudo ainda são hipóteses, considerando as incertezas da duração da crise, e os impactos de oferta e demanda advindos da desaceleração econômica. Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), declarou recentemente que “os últimos anos talvez tenham sido os mais dramáticos da economia brasileira”. A mensagem dele para o varejo, é de resiliência, eficiência, produtividade e transformação, pois as empresas menos preparadas ficarão pelo caminho.
“Por outro lado, temos o privilégio de testemunhar o nascimento de um novo varejo no Brasil. Com a crise da Covid-19, as mudanças serão ainda mais impactantes”, acredita.
Novo varejo, mais “brick and click”
Os números endossam as palavras de Eduardo Terra, sobre um novo varejo no Brasil. Em março de 2020, para 42% das empresas brasileiras, as vendas pela internet representavam apenas 10% do faturamento total, conforme uma pesquisa da Boa Vista.
Os negócios que souberam – e puderam – responder rapidamente à transformação digital e passaram a operar multicanal, aproximando o mundo virtual (click) do mundo real (brick) conseguiram manter-se competitivas no mercado, recuperando as suas vendas no comércio eletrônico. Essas empresas registraram aumento de 61% no faturamento no primeiro semestre do ano passado, representando 73,1% do total das vendas online no País.
O aumento das vendas do ecommerce evidenciou a questão da logística de entrega de compras, que é uma “pedra no sapato” do varejista: fez com que os prazos de entrega ficassem maiores. Se no primeiro semestre de 2019 a média para a entrega de um produto era de 10,6 dias, no mesmo período de 2020 ela passou para 11,3 dias.
A crise impactou mais profundamente do que imaginávamos a maneira de comprar. Por exemplo, do faturamento total do comércio eletrônico nos seis primeiros meses do ano passado, 78% são varejistas de marketplace. As lojas que aderiram a essas plataformas faturaram, no período, R$ 30 bilhões.
Inadimplência
A manutenção do crédito é condição sine qua non para o desempenho do comércio varejista e, num ano em que a taxa de desemprego ultrapassou os 14% – apesar dos 142 mil postos de trabalho formais criados no período – era de se esperar que o saldo da inadimplência fosse negativo. Só que não…
Na comparação com 2019, 2020 apresentou queda de 17,3% nos registros de inadimplentes, conforme mostrou um estudo elaborado pelos Indicadores Econômicos da Boa Vista.
O pagamento do auxílio emergencial, que ajudou a manter a renda das famílias, o benefício emergencial para preservação do emprego e da renda criado pelo governo, a fim de evitar as demissões de 10 milhões de pessoas, e os estímulos às renegociações de contratos de empréstimos, com postergação das linhas de crédito foram alguns dos fatores determinantes para a redução da taxa.
O fim do auxílio emergencial e a proximidade do prazo para a quitação dos empréstimos contraídos no ano passado ou postergados fazem acender a luz vermelha no varejo, justamente no momento da retomada da economia, que deve voltar aos patamares anteriores à pandemia somente em 2022.
Os impactos econômicos da crise decorrente da pandemia e as estratégias dos grandes players do mercado varejista para enfrentá-las serão abordadas na “Semana do Varejo” da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), que será realizada de 02 e 04 de março, 100% online. O evento faz parte da “Agenda Retail”, iniciada em novembro de 2020 com o evento “Retail Conference”.
Participe da Semana do Varejo da ACIC, essa é a sua oportunidade de abrir a mente para o novo e mergulhar nas transformações que o varejo, hoje, exige de todos nós.
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Fonte: G1