Alguns negócios até registraram alta com vendas por múltiplos canais, como aplicativo, Whatsapp e site próprio; redes lançam operações enxutas
Por Bianca Zanatta e Nathalia Molina
Tendência na pandemia, o delivery ajudou estabelecimentos de food service (restaurantes, bares e lanchonetes) a não naufragarem com o abre-e-fecha de salões e lojas. As vendas por delivery, que representavam 16% do faturamento em 2019, passaram a responder por 38% no ano passado. Ou seja, houve um crescimento de 140%, de acordo com dados da Pesquisa de Food Service 2021, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) em parceria com a consultoria Galunion e divulgada durante a ABF Franchising Week 2021 em junho.
Trabalham com a modalidade 97% das marcas ouvidas. O levantamento também apontou que combos e promoções do ambiente digital acabaram elevando o gasto dos consumidores no ano passado: o ticket médio foi de R$ 46,09 no delivery sem taxas e de R$ 52,40 com taxas, respectivamente 38% e 57% a mais do que o ticket médio de balcão. Com isso, a modalidade até impulsionou o crescimento das operações em algumas redes de franquia.
Em duas semanas, a rede Café Cultura aderiu ao delivery por meio de uma plataforma de entrega, que se tornou o principal canal de venda no lockdown. “Agora, com a retomada das lojas, o delivery passa a ser um incremento. É um modelo de negócio também porque é muito mais do que só a entrega do produto, é a venda digital do alimento”, afirma Luciana Melo, CEO e fundadora da marca. “A gente também trabalhou as vendas por WhatsApp.”
Enquanto apenas 29% das empresas tinham usado a ferramenta de mensagens para interagir com o consumidor em 2019, 60% recorreram ao WhatsApp para a comunicação com a clientela no ano passado, segundo outro levantamento de agosto de 2020 realizado pela ABF com a Galunion, que atua no foodservice.
Menus por QR code também passaram a estar presentes em 2020 em 56% dos negócios ouvidos – no ano anterior, eram vistos em apenas 6%. Os aplicativos para pedidos e pré-pagamentos (para buscar posteriormente) viraram uma realidade em 44% das empresas, ante 9%, na comparação de 2020 com 2019.
“As cafeterias vêm tendo uma retomada marcada por gente trabalhando nas lojas. As pessoas estão há muito tempo dentro de casa”, conta a fundadora do Café Cultura, que abriu quatro lojas em 2021 e projeta dobrar o faturamento de R$ 11,5 milhões registrado em 2020.
“Nenhuma loja encerrou as atividades desde o ano passado, e nossas metas são arrojadas: chegar a 45 lojas até o fim deste ano e alcançar 260 até 2026”, diz Luciana. Com investimento inicial mínimo de R$ 100 mil, a franquia dispõe de vários modelos de negócio, de bistrô a tuk tuk. Criada em Florianópolis em 2004, a Café Cultura segue focada em crescer nos três Estados do Sul e expandir para Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Fonte: Estadão