Pesquisa traça retrato do setor e identifica tendências: lojas com menu reduzido e cobranding devem fazer a cabeça das marcas
Por Paulo Gratão
Mesmo com a flexibilização das medidas de restrição, o delivery se manteve forte nas franquias de alimentação. De acordo com a Pesquisa de Food Service 2022, divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) e pela consultoria Galunion, o canal está presente em 94% das redes (ante 97% no ano passado) e compôs 27% do faturamento em 2021 (em 2020, chegava a 32%). A amostra da pesquisa representa 54% do faturamento e 44% das unidades do segmento.
De acordo com Simone Galante, CEO da Galunion, o share de delivery, dentro da amostra, caiu 16%, por conta da reabertura dos salões. Mas, com o crescimento geral do movimento, as vendas totais pelo canal cresceram 8% em 2021. Principalmente se consideradas empresas que só trabalham com entregas: neste nicho, o crescimento foi de 31% em vendas totais, bem acima da média da amostra geral, que foi de 22%.
Quase metade (44%) das empresas utiliza apenas aplicativos de terceiros, como iFood (o app chega a 79% das marcas), mas 50% também incorporaram captação própria de pedidos. O relacionamento com os marketplaces, entretanto, é um ponto de atenção. Quase sete em cada dez marcas (67%) estão parcialmente satisfeitas e 22% estão insatisfeitas com os serviços. O preço elevado (94%), a falta de mecanismos para interagir com clientes em ocorrências (66%) e a dificuldade no acesso a dados (64%) são os principais pontos levantados.
O tíquete médio do setor chegou a R$ 45,80 (no ano passado era de R$ 36,73), e no delivery (com taxa) chega a ser 17,5% maior. Os maiores faturamentos estão em hamburguerias (27%) e outros – Açaí, Chocolates, Massas, Padarias e Bebidas (22%). A participação do modelo de Serviço Rápido chegou a 69% na oferta das redes e 59% no faturamento. Almoço (38%) e janta (37%) são os períodos de maior movimento.
Mesmo com a manutenção do delivery, as redes não perderam a expansão física de vista. Segundo a pesquisa, 46% apontam o menu reduzido como principal alternativa de expansão. “Em um primeiro momento, o food service investiu fortemente nas dark kitchens, o que deve permanecer, mas agora chegamos em um momento em que a experiência do cliente em ambientes físicos voltou a ganhar força, seja com lojas mais enxuta, mas bem próximas aos consumidores, ou em uma proposta que combina a alimentação com programas culturais e de entretenimento”, afirma Simone Galante, CEO da Galunion.
A segunda via de expansão são as lojas em locais não tradicionais, como espaços culturais ou dentro de comércio (40%) e lojas autônomas (37%). Dark kitchens (31%) e quiosques (30%) também são representativos.
A inflação tem mexido com a rotina das marcas. Enquanto 60% lançaram novos pratos em 2021, as tendências para 2022 acompanham o ritmo da alta de custos: 56% devem reorganizar o menu digital, 47% vão apostar em combos para família e 37% vão reduzir itens no cardápio. Entre as tendências de menu e ingredientes, o cobranding com marcas renomadas de fornecedores (56%), opções vegetarianas e veganas (49%) e a customização (46%) estão no radar das marcas.
Em 2021, as ferramentas tecnológicas mais utilizadas nas redes foram wi-fi grátis (91%), WhatsApp (81%) e menu por QR code (80%). Para 2022, as redes pretendem investir em CRM para relacionamento com o cliente (100%), totens ou menu eletrônico (98%) e aplicativos para pedidos e pré-pagamento (97%).
O setor de food service é um dos mais tradicionais do franchising brasileiro. No ano passado, as empresas do nicho faturaram R$ 43,8 bilhões, segundo a ABF, um avanço de 7%. O número de unidades também cresceu 7% e chegou a 37 mil.
Atualmente, 50% das franquias de alimentação são lojas de rua (no ano passado eram 48%), 36% em shopping centers (33% em 2021) e 14% em outros locais (19% no ano passado). Grelhados (15%) e Cafeterias (12%), Outros (12%) e Variada (10%) são as gastronomias predominantes no setor. Além disso, oito em cada dez lojas (82%) integram seus dados com a franqueadora e 91% das redes possuem multifranqueados.
“Os caminhos já são conhecidos e a quase totalidade das redes já conseguiu avançar com a digitalização de processos, o aumento de vendas em canais digitais, a busca incessante por eficiência e mitigar impactos inflacionários e sempre acompanhar e se adaptar às mudanças de comportamento do consumidor. Aliás, a retomada da convivência presencial com o digital ainda em níveis elevados torna esse monitoramento e agilidade de adaptação ainda mais importantes”, afirma Antonio Moreira Leite, vice-presidente da ABF.
Fonte: PEGN