Conceito se relaciona com a capacidade de análise que a tecnologia entrega. Com o deep learning, os varejistas podem oferecer o produto certo, no momento certo
Por Flávia Pini, sócia e CMO da FX Retail Analytics
O avanço da tecnologia nas últimas décadas remodelou a forma como os varejistas se organizam e gerenciam seus negócios atualmente. Seja grande ou pequena, é praticamente impossível encontrar uma loja que não utilize alguma máquina para facilitar alguns processos . Entretanto, é apenas o início de um relacionamento que vai transformar o varejo como um todo graças, principalmente, ao conceito de deeplearning e à capacidade destes recursos tecnológicos entregarem relatórios e informações cada vez mais inteligentes e precisos para o futuro do negócio.
Em inglês, deeplearning pode ser traduzido como aprendizado profundo. Na prática, significa a capacidade de computadores aprenderem e realizarem tarefas como os seres humanos, mas com uma capacidade de processamento infinitamente maior. Por conta disso, é a base das soluções de Inteligência Artificial, conceito em alta no mundo dos negócios. Estimativa da MarketsandMarkets indica que este setor deve movimentar US$ 18,16 bilhões até 2023, com um crescimento médio anual de 41,7% no período.
Esse crescimento é explicado pelo boom na utilização de dados na estratégia dos negócios. O mar de informações trouxe novas ideias de gestão, mas também uma grande preocupação para os varejistas: como organizar essa quantidade cada vez maior de forma que traga inteligência de verdade para a tomada de decisão? É justamente neste ponto que entra o deeplearning. Por meio dele, é possível ver e compreender o que está acontecendo em todo processo, obtendo insights que um ser humano jamais teria tempo, conhecimento e capacidade de oferecer.
Além disso, computadores com capacidade de aprendizado conseguem juntar dados de diferentes fontes e características e, com este match, possibilitar uma visão completa sobre os perfis das pessoas que se relacionam com a sua loja. Ao identificar esses comportamentos, o lojista pode prever desejos de consumo, oferecendo o produto certo no momento mais adequado. Em um cenário de retração econômica e intensa competitividade, ele sabe que precisa ser certeiro e conhecer o seu consumidor antes mesmo dele entrar em contato com a marca. É um novo tipo de relacionamento.
Dessa forma, o negócio consegue atingir três benefícios fundamentais para a consolidação de qualquer companhia. O mais importante deles, sem dúvida, é o aumento de performance da loja por permitir que os profissionais tomem as melhores decisões e possam prever situações importantes. Também é possível desenvolver e oferecer itens e serviços cada vez mais personalizados ao levar em conta as nuances e características dos mais diferentes usuários que entram em seu estabelecimento. Por fim, há o aumento da eficiência ao reduzir o tempo dos processos internos e permitir uma maior produtividade entre os colaboradores, liberando-os de tarefas burocráticas.
O cenário atual encontrado no varejo brasileiro ainda é o do Analytics que entrega métricas “estáticas”, ou seja, sem levar em conta inúmeros fatores subjetivos que operam sobre eles. Com o deeplearning, a área torna-se “dinâmica” por se alimentar constantemente de informações e oferecer relatórios cada vez mais profundos e complexos aos empresários. O futuro passa pelo cruzamento inteligente desses dados e vai impactar não apenas o relacionamento com o cliente, mas também questões de estoque, fornecedores e colaboradores. Afinal, não adianta ter inteligência se não há precisão nas ações.
Fonte: NoVarejo