Fundado em 1999, o site de turismo Decolar.com, da empresa argentina Despegar.com, é um raro caso de unicórnio latino-americano. Para quem não está acostumado à alcunha, “unicórnio” é o termo que define as companhias – usualmente, do ramo digital ou de tecnologia – que rapidamente ultrapassam o valor de mercado de 1 bilhão de dólares. Agora, soube que a empresa – que já fatura 4 bilhões de dólares ao ano e que tem o Brasil como seu principal mercado – planeja abrir seu IPO, a oferta pública inicial de suas ações, já no primeiro semestre de 2017.
A maior parte do processo corre sob sigilo, como é de costume com empresas que planejam o IPO. Contudo, é possível saber de alguns detalhes da estratégia. Para começar, que a empresa argentina escolheu vender suas ações em Nasdaq, nos EUA, não em alguma bolsa latino-americano, como poderia ser o esperado.
Além disso, sabe-se que serão necessários alguns ajustes estruturais para preparar a Despegar para o IPO. Um exemplo é que se cogita diminuir o valor repassado a redes hoteleiras e donos de pousadas em reservas feitas por meio do site (ou, em outras palavras, aumentar a comissão da Decolar.com). Claro, a medida já causou incômodo entre os empresários do ramo, principalmente no Brasil. Pode-se pensar que tal tática ainda abre o risco de fazer aumentar os preços de diárias e afins. Afinal, se o maior vendedor de pacotes turísticos online passa a cobrar mais de seus parceiros, é (quase que) aguardado que esse custo seja transferido ao cliente.
Há ainda esforço para que se dê maior destaque no site a pacotes de viagens. Isso porque, a compra de passagens aéreas, o carro-chefe da Decolar, não é um negócio com uma boa margem de lucro.
Os argentinos também planejam aumentar a presença do mobile (smartphones, tablets e afins) em seu negócio. Hoje, em torno de 40% das compras são feitas por meio do aplicativo da marca. Em breve, essa porcentagem deve ultrapassar os 50%.
Por fim, há planos para recalcular como se pode lucrar mais com a venda das passagens áreas. Uma ideia é sempre levar (e forçando, ainda mais do que hoje, nessa direção) o usuário a adquirir outros serviços do site no momento em que se decide pelo voo. Exemplo: se alguém quer viajar para Salvador, na Bahia, tenta-se vender a ele também a hospedagem, formas de transporte terrestre etc.
Depois de dar todo esse tapa na casa, será a hora de rumar para Nasdaq.