A japonesa Daiso, conhecida por vender produtos a menos de R$ 10 em pontos de comércio popular, como na Rua Direita, no centro de São Paulo, agora quer expandir sua presença entre clientes de alto poder aquisitivo. A varejista inaugura hoje uma unidade no Shopping Cidade Jardim, que abriga marcas de luxo como Dior, Chanel e Ralph Lauren. A iniciativa marca o primeira de uma série de 40 lançamentos previstos para até 2020, em um investimento total de R$ 50 milhões.
“Cerca de 40% de nossos lançamentos deverão acontecer em shoppings ou centros de compra para consumidores de classe A”, afirma o executivo Reginaldo Paulista, gerente geral da rede no Brasil. Ele conta que a nova operação surgiu a convite do próprio shopping. “Foram eles que nos procuraram. A gente já opera uma unidade no Shopping Tucuruvi, que é da mesma gestora do Cidade Jardim, e eles perceberam o potencial da marca para trazer clientes”, afirma.
O Shopping Cidade Jardim informou, por meio de sua assessoria, que a motivação para o convite seria o ineditismo e variedade do portfólio de produtos da rede.
Expansão. A nova iniciativa da Daiso, que tem 4,5 mil unidades pelo mundo e 22 operações no Brasil, marca a primeira incursão da empresa no mercado de luxo no País, uma estratégia que deve marcar parte significativa dos próximos lançamentos.
“Cerca de 40% das novas lojas vão acontecer em pontos de consumidores com maior poder aquisitivo”, conta Reginaldo Paulista, que já tem programado uma nova loja para estrear até o mês de junho no Shopping Maia, em Guarulhos. “Estamos negociando com outras rede para este ano ainda”, destaca.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, o fato de a Daiso, que é uma loja com perfil de venda de produtos baratos ou de preço único, estrear em um shopping de luxo, como o Cidade Jardim, não causa estranheza.
“O momento atual é perfeito para as lojas que normalmente operam em rua entrarem em shoppings”, diz. Por conta da crise, segundo ele, os shoppings estão negociando “bem” os aluguéis e querem incorporar novas operações para ampliar o fluxo de consumidores. Por sua vez, “os novos operadores estão aproveitando essas oportunidades”.
Segundo Terra, o avanço desse tipo de loja em áreas nobres de comércio é fenômeno mundial. Além da Daiso e de outra japonesa, a Muji, o consultor cita como exemplo a dinamarquesa Flying Tiger, que abriu entre quatro lojas em pontos nobres na cidade de Nova York (EUA). Nessa loja nenhum produto custa mais do que US$ 10.
Terra argumenta que, independente da classe social, quando o consumidor procura objetos e utensílios para a casa, armarinhos e itens de bricolagem e para a cozinha, o foco é o preço baixo. “Com uma boa curadoria, essas lojas fazem sucesso entre consumidores das classes A a E.”
O consultor observa que é cada vez mais claro que a organização dos produtos nas lojas por preço caíram no gosto do consumidor. Essa organização se contrapõe ao critério tradicional que organiza os itens por categorias.