Malte Horeyseck, um dos fundadores da Dafiti – varejista on-line de moda controlada pela Global Fashion Group (GFG) – decidiu deixar a companhia para fundar um novo negócio: o Grupo Lar, voltado ao comércio eletrônico de móveis. O projeto foi desenvolvido em sociedade com Eugenio Marschner, ex-sócio da empresa de investimentos Partners Group.
O site vai competir diretamente com serviços como Mobly (da Rocket Internet) e Westwing Home & Living, controlada por investidores como Access Industries, Fidelity Worldwide Investment, Kinnevik, Odey, Rocket Internet, Summit Partners e Tengelmann Ventures.
Horeyseck, que atuava como diretor comercial da Dafiti até dezembro de 2016, continua como sócio minoritário no Global Fashion Group.
O valor investido no novo negócio é mantido em sigilo e inclui dois sites, o Lar.com.br, voltado para públicos das classes B, C e D e que será lançado em setembro; e o Lepodium.com.br, de móveis de luxo para a classe A, já no ar.
Os sócios disseram que já investiram mais de R$ 1 milhão com a compra do Lepodium, que foi fundado em 2015 por Bruno Lopes, e com o desenvolvimento de tecnologias para suportar as duas lojas virtuais.
A meta é alcançar na área de móveis o mesmo peso que a Dafiti obteve em moda. “A Dafiti começou em 2010 representando 0,5% do negócio de moda on-line. Agora responde por aproximadamente 6% e ainda tem potencial de expansão. Acredito que é possível fazer algo parecido em móveis e decoração”, afirmou Horeyseck. Ele estima que, em cinco anos, o Grupo Lar poderá responder por 10% do comércio on-line de móveis e decoração no Brasil.
Segundo dados da consultoria Ebit, o comércio eletrônico de móveis e produtos de decoração movimentou R$ 1,2 bilhão no primeiro semestre deste ano, com crescimento de 24% ante o mesmo intervalo de 2016. O varejo de móveis e eletrodoméstico como um todo, de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 4,6% no acumulado de janeiro a maio deste ano. A consultoria Iemi Inteligência de Mercado estima que o varejo de móveis no país vai crescer 7,7% em receita neste ano, para R$ 52,5 bilhões.
A Ebit estima que, neste ano, a venda on-line de móveis e decoração movimente aproximadamente R$ 3 bilhões, mantendo o ritmo de crescimento de 24% no ano. “Os sites investem em entregas rápidas e produtos exclusivos, que acabam atraindo os consumidores para a compra on-line”, afirmou Pedro Guasti, presidente da Ebit.
Horeyseck disse que o momento é ideal para começar o negócio on-line. “A categoria já cresce acima da média do comércio eletrônico e pode ter um salto quando a economia brasileira voltar a crescer”, afirmou. Ele observou que as lojas on-line e físicas são bastante semelhantes. “As lojas físicas funcionam como um showroom e os prazos de entrega são parecidos com os de lojas virtuais, na média de um mês. O que define se a compra será pelo site ou na loja é o preço.”
O Grupo Lar fechou acordos com pouco mais de 3 mil fabricantes de móveis para fazer promoções semanais de categorias mais populares, que serão feitas no Lar.com.br. O portfólio, segundo o executivo, chegará a 500 mil itens.
No Lepodium, a lista de produtos foi ampliada de 10 mil para 100 mil. Marschner disse que o site passa por um refinamento, para ficar mais concentrado em produtos de alto valor agregado.
O site da Lepodium possui 1 milhão de clientes cadastrados e gera uma receita média mensal de R$ 2 milhões. “Essa receita era obtida sem trabalho de marketing e com uma lista de produtos restrita. Além disso, a parte de tecnologia do Lepodium estava um pouco fraca”, observou Marschner.
Marschner disse que o Grupo Lar antecipou em seis meses o seu projeto de entrada no mercado. O Grupo Lar fez mudanças na parte tecnológica do site, incluindo o uso de softwares para comércio eletrônico da Vtex. A entrega dos produtos passou a ser feita pela Direct, do grupo B2W. “Agora o site tem uma estrutura para ganhar escala”, disse Horeyseck.
Ele disse ainda que pretende fazer uma captação com fundos de investimento para o Grupo Lar ainda neste ano, possivelmente em outubro. A meta é fazer uma captação de série A (entre US$ 2 milhões a US$ 20 milhões).
Fonte: Valor Econômico