Grupo de farmácias pretende inaugurar 30 pontos de venda neste ano, sendo apenas um em shopping centers
Por Adriana Mattos
A d1000, rede de drogarias formada pela Drogasmil, Farmalife, Drogarias Tamoio e Drogaria Rosário, sentiu o efeito do fechamento dos shoppings no ano passado, e vem identificando uma retomada mais lenta nas vendas nesses empreendimentos. Para 2021, vai focar as inaugurações em lojas de rua — das 30, apenas uma será em shoppings — mas essa recuperação mais lenta em certas praças não afetará o plano de investimento do ano.
Em teleconferência com analistas nesta quarta-feira, a empresa disse que está renegociando contratos em geral, inclusive com shoppings, para redução na taxa de reajuste dos contratos.
“Tivemos essa perda de R$ 14 milhões [no quarto trimestre] que afeta em R$ 24 mil por venda por loja [ao se considerar esse valor e o total de unidades do grupo]. Então, se em março eu faço R$ 520 mil de venda por loja em média, eu estaria fazendo R$ 550 mil se não fossem os shoppings”, disse Sammy Birmarcker, diretor presidente da empresa, que abriu capital em 2020. “Em mês com 23 ou 24 dias de vendas, há lojas que fazem mais de R$ 500 mil de receita ao mês”, afirmou, ao ressaltar as expectativas positivas de reação da empresa após o segundo trimestre.
A companhia registrou em 2020 um Ebitda de R$ 83,6 milhões com margem de 7,8%, 0,8 ponto superior ao ano de 2019. No quarto trimestre, o valor atingiu R$ 26,5 milhões, equivalente a uma margem de 9,5%, alta de 1,7 pontos.
O executivo ressalta que o Rio de Janeiro e o Distrito Federal, principais áreas de atuação da d1000, aparecem nos rankings do governo entre os seis estados onde o plano de auxílio emergencial do governo teve a menor relevância, 1,9% e 0,7% respectivamente, como percentual do PIB estadual.
Renegociação de contratos
A d1000 renegociou 80 contratos de aluguel e em 70 conseguiu manter reajuste de 4% a 6% para 2021. “Os remanescentes [cerca de 130] estão em negociação e talvez siga a via judicial se a busca da conciliação for esgotada”, disse o CEO.
A empresa entende que o primeiro trimestre ainda terá números prejudicados pelo cenário atual e por características do negócio das redes, mas o segundo trimestre será mais positivo, “mais vistoso”. “Esperamos segundo trimestre mais forte porque acumularemos mais lojas novas na base”, disse o executivo.
Sobre as aberturas, elas devem se concentrar “em áreas mais populares e modelos de lojas mais populares”, e deve ocorrer principalmente com as marcas Tamoios e Drogasmil. Essas inaugurações são importantes para aumentar a receita total do grupo — perguntado na teleconferência sobre o ponto fraco da empresa, o CEO citou a baixa escala.
“Não dá para nos comparar com varejistas de 50 anos, que não fizeram aquisições, e mesmo assim, temos tirado a diferença de forma acelerada”, disse Birmarcker.
A operação da d1000 fazia parte da Profarma até o IPO de 2020, e foi formado por meio da compra de negócios, como a Rosário e a Tamoios.
A respeito de alavancagem e pagamento de dívidas, o comando foi questionado sobre a decisão de usar recursos da oferta pública inicial de ações (IPO, da sigla em inglês) para reduzir dívida. O IPO levantou R$ 400 milhões e ocorreu em agosto. O prospecto da oferta mencionava que a capitalização seria em parte para melhorar a estrutura de capital do grupo.
“Era um ponto que já era mencionado aos investidores, e outro elemento é que com a perspectiva de elevação dos juros no ano, a combinação mais favorável é reduzir dívida, mantendo o compromisso de manter a empresa com uma estrutura de capital equilibrada”, disse Marcus Vinicius Santos, diretor financeiro.
A receita líquida da empresa foi de R$ 259,8 milhões no quarto trimestre, versus R$ 283,8 milhões um ano antes. O lucro líquido subiu de R$ 10 milhões para R$ 18 milhões no período.
Fonte: Valor Econômico