Os gastos das lojas do Rio de Janeiro com segurança cresceram cerca de R$ 180 milhões durante o primeiro semestre de 2018, apesar do estado estar sob intervenção federal desde meados de fevereiro.
A revelação é de pesquisa divulgada ontem (26) pelo Clube de Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio). Os R$ 900 milhões superaram tanto os R$ 720 milhões gastos no primeiro semestre passado quanto os R$ 780 milhões usados nos últimos seis meses de 2017– quando R$ 1,5 bilhão foram gastos.
Nem mesmo a intervenção federal no estado – instaurada desde 16 de fevereiro – foi capaz de refrear o crescimento do investimento em segurança. “Por enquanto não percebemos nenhum efeito prático”, admitiu o presidente da CDLRio, Aldo Gonçalves.
Apesar do diagnóstico, o dirigente crê que a continuidade da medida – cujo encerramento está previsto para o fim do ano – deveria ser considerada. “A gente apoia a intervenção e acha que deveria continuar. Mas o problema não depende apenas disso, pois a questão da segurança é muito complexa e estrutural”, afirmou Gonçalves.
De acordo com ele, os estabelecimentos mais visados “são os que vendem celulares”. No entanto, a entidade tem percebido aumento nos incidentes em galerias de rua ou shopping centers. ”Eles são mais protegidos, mas ainda assim há vítimas.”
Outro problema grave na região é o roubo de cargas. Segundo estudo recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), uma média de 30 roubos de carga diários foi registrada até abril.
Mesmo que “corroendo parte do faturamento”, a resposta do comércio varejista está sendo proporcional. Apenas com segurança privada e vigilantes foram despendidos R$ 610 milhões durante o primeiro semestre. “Boa parte destes profissionais são terceirizados, pois só as redes grandes têm condições de manter equipes próprias”, afirmou Gonçalves.
No caso da compra de equipamentos de vigilância eletrônica, os R$ 100 milhões gastos no primeiro semestre do ano passado mais que dobraram em 2018 – atingindo R$ 250 milhões entre janeiro e junho. Já a contratação de serviços de gradeamento, blindagem e reforço de portas e vitrines experimentou salto semelhante, passando de R$ 20 milhões ara R$ 40 milhões em um ano.
Apesar do quase R$ 1 bilhão despendido com segurança apenas neste ano, Aldo Gonçalves avalia que o cliente carioca ainda não se sente seguro para ir às compras. “A violência afugenta a clientela”, lamentou o dirigente, que ainda fez críticas à gestão municipal. “Nosso prefeito [Marcelo Crivella, do PRB] abandonou a cidade”. O CDLRio reúne cerca de 15 mil associados.
Portas fechadasAo longo de 2017, o CDLRio registrou o encerramento da operação de 9,1 mil estabelecimentos na capital fluminense. Quando considerado todo o estado, cerca de 21,1 mil lojas fecharam as portas no ano passado. Ao DCI, Gonçalves afirmou que ainda não tem indicações de desaceleração ou reversão da tendência.
O dirigente também indicou que o impulso de vendas gerado pela Copa do Mundo da Rússia – encerrada no último dia 15 – ficou “bem aquém do esperado”. Já a expectativa para o resultado do comércio local no segundo semestre é incerta, sobretudo por conta das eleições gerais – “que acabam tirando foco do consumo”, nas palavras de Gonçalves.
Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do comércio varejista fluminense avançou 1,7% entre janeiro e maio. Se considerados doze meses até o quinto mês de 2018, a alta é quase imperceptível: 0,2%. Já em termos de receita nominal, houve alta de 1,6% até maio e recuo de 1% em doze meses.
Os poucos destaques positivos do varejo da região vieram dos segmentos de móveis e eletrodomésticos (crescimento de 9,6% no volume até maio e de 6,1% na receita) e do comércio de artigos farmacêuticos, médicos, de perfumaria ou cosméticos (alta de 6,2% em volume e 8,9% em receita).
Fonte: DCI