Há pouco mais de um mês, a Livraria Cultura deu mais um passo para reforçar a sua identidade como uma empresa que aposta na diversidade e deu a oportunidade de recomeçar para várias pessoas. A rede colocou em prática os projetos Cultura sem Fronteiras e Nova Página, que empregam, respectivamente, refugiados e pessoas em situação de rua.
O projeto Cultura sem Fronteiras surgiu a pedido de Pedro Herz, e acontece com a ajuda da ONG Estou Refugiado, que entrega os currículos para a Cultura analisar. Já o Nova Página, ideia de Sérgio Herz, CEO da Cultura, conta com a ajuda do projeto Trabalho Novo, encabeçado pela prefeitura de São Paulo, em parceria com a ONG Rede Cidadã, que recebe as pessoas em situação de rua, oferece um treinamento prévio e redireciona para a empresa.
Segundo Juliana Brandão, diretora de Operações e Coordenadora de Recursos Humanos da Cultura, atualmente são 15 pessoas empregadas como parte do Nova Página e oito no Cultura sem Fronteiras (dois em São Paulo, três em Recife e quatro em Brasília). “Num primeiro momento nós tínhamos pensado em vagas para auxiliar de limpeza para depois, se fosse o caso, ir redirecionando para outras áreas, mas de cara nós vimos que tinha gente preparada pra assumir outras funções, então temos pessoas contratadas como auxiliar de vendas, auxiliar administrativo e vigilante”.
Antes de colocar os projetos em prática, algumas questões tiveram que ser pensadas para que os projetos passassem do primeiro mês sem muita evasão, como por exemplo, a questão do primeiro salário e a dificuldade para se abrir uma conta no banco. “Para se abrir uma conta é necessário o comprovante de residência e essas pessoas não tinham, então juntamos todos os documentos deles e ligamos para o Itaú, que é o banco que nos atende e pedimos uma ajuda”, contou Juliana, que acredita que a ajuda de outras empresas é fundamental para o sucesso dos projetos. “É uma dica que eu dou pra quem quiser aderir a esses projetos, contar com outras empresas, porque a ajuda vem com muita facilidade, quando explicamos como tudo vai funcionar, elas se sensibilizam e ajudam”.
A Cultura já era uma empresa conhecida pela diversidade e segundo Fernanda Baggio, coordenadora de Treinamento e Desenvolvimento, agora sim, a rede pode afirmar isso de “boca cheia”. “É uma situação de muita alegria, e essas pessoas estão trazendo um novo ar pra gente. Nós abraçamos a causa de vez”, disse animada.
O resultado até agora, segundo Juliana e Fernanda, tem sido super positivo, tanto pela troca de experiências que os projetos proporcionam, mas mais ainda pela entrega de todas as pessoas envolvidas. “Eles dão muito valor ao trabalho e ensinam a gente a valorizar o nosso trabalho também”, conta Fernanda.
Para Adelson Gonçalves da Cruz Pinto, auxiliar de limpeza que integra o Nova Página, estar na Cultura é o início de uma nova fase. “Quando a livraria abriu as portas pra gente, ela abriu um novo mundo praticamente, é ótimo ter um trabalho e tivemos o maior apoio para ficarmos tranquilos aqui”, relatou. Alexandro de Luzia, também auxiliar de limpeza contratado dentro do Nova Página, completa: “Nós fazemos a nossa parte, trabalhamos certinho, somos pontuais, e o pessoal da Cultura também é atencioso com a gente, então é ter esperança para que dê certo para todo mundo”.
Já Mamadu Korka Balde, 24 anos, veio da Guiné (África), e integra o projeto Cultura sem Fronteira. Ele está no Brasil desde fevereiro e durante esses nove meses aprendeu sozinho a falar português. Para ele, trabalhar na Livraria Cultura é uma oportunidade única. “A livraria me deu muita coisa nesse tempo e é muito importante pra mim porque me dá vontade de viver. Aqui dentro tenho acesso à informação, cultura, história e posso também compartilhar a minha história e cultura com eles”, disse em português bem claro à nossa redação.
Os planos para os próximos meses é continuar com o projeto e até expandir para dar oportunidade para mais pessoas. “Esses projetos não servem para nos promover, mas sim para inspirar, porque é muito positivo, tanto para o refugiado e a pessoa em situação de rua, quanto para a empresa e para as pessoas que estão em volta,. É um investimento que vale super a pena”, finaliza Juliana.
Fonte: Publishnews