Com a recuperação lenta da economia no País, a queda nas vendas do varejo e a perspectiva de um cenário de incertezas para os próximos meses devido às eleições, os comerciantes podem recorrer à inovação na tentativa de minimizar os impactos negativos. Estratégias e ações de curto e médio prazos são opções para quem quer ir além de um modelo tradicional de negócios e se reinventar.
O presidente-executivo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, ressalta que o primeiro passo é desassociar o conceito de inovação de uma noção de futuro ou tecnologias distantes e ações caras. “Muitas vezes a inovação é associada a ações de longo prazo e a tecnologia, mas ela pode estar em ideias criativas para superar a crise e aumentar as vendas. É preciso trazer o conceito da inovação para buscar novos meios, principalmente em um ano como esse que é difícil para o varejo”, explicou.
Essa inovação, segundo Terra, deve ser usada para melhorar produtividade da empresa reduzindo custos e, para isso, é preciso observar processos e operações para entender maneiras de fazer mais com menos, deixando a empresa mais leve com custos mais baixos e competitivos. Ela também pode ser aplicada para promover aumento das vendas por meio da criatividade na busca de diferentes formas de atrair mais compradores e vender mais para os mesmos clientes.
“Trabalhar a base já existente leva a ações específicas que exigem pouco investimento e fazem com que as pessoas voltem para a loja e comprem mais quando procuram o estabelecimento. É preciso focar no conjunto da inovação para o curto prazo, observando melhorias dos custos e da produtividade e, por outro lado, a inovação promocional amplia as vendas, aumenta o número de clientes e o tíquete médio”, afirmou Terra.
Na avaliação do diretor vogal do Instituto de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Nuno Fouto, é imprescindível entender o perfil dos clientes e potenciais consumidores, especialmente em momentos de restrição à renda, como o atual cenário.
“Nesse contexto, os consumidores buscam oportunidades e conveniência na hora das compras. Se o lojista conhece o perfil do comprador, é possível se adequar melhor e entregar produtos necessários sem custo elevado para variar o mix. Além disso, é um bom momento para tentar conquistar novos consumidores”, avaliou.
Para Fouto, a comunicação de forma eficaz permite chamar a atenção para os diferenciais que a loja pode apresentar. Ele destaca que, no caso das lojas de rua, tentar antecipar sazonalidades de maneira diferenciada é uma boa estratégia. “No dia a dia é possível identificar o que os clientes estão pensando em comprar, como gostariam de pagar, as dificuldades que estão enfrentando e, em cima disso, apresentar soluções inovadoras”, ressaltou.
Uso do digital – Entre os caminhos para atrair clientes, o presidente-executivo da SBVC, Eduardo Terra, destaca a propaganda tradicional, que tem o custo mais alto, a base de clientes que as empresas já têm e as opções digitais. Segundo Terra, otimizar os investimentos nessa última área tem a vantagem de permitir medir resultados com mais facilidade e precisão, conhecer o público e saber que ações estão dando resultado e as que não estão.
“Para todos os tipos de comércio é possível separar verbas específicas destinadas para microcampanhas on-line. O maior erro é achar que, se o conteúdo não ficar perfeito, é melhor não fazer. Um celular pode ser usado para produzir vídeos enviados por whatsapp, por exemplo, que é uma ação eficaz com baixíssimo custo”, avaliou.
Sobre o desafio da mobilidade enfrentado em grandes centros urbanos, Terra reforçou a necessidade de lidar com o problema usando a criatividade para propor soluções que ajudem a vida do cliente, apesar das limitações impostas pela localização. Entre as opções, ele cita a possibilidade de o vendedor se deslocar para encontrar o cliente e entregar mercadorias e, também, a criação de um e-commerce, que dá ao consumidor a alternativa de comprar fora do horário e sem precisar sair de casa.
“A venda pela internet não dá resultados no dia seguinte, é uma opção de médio prazo. Por isso, achar soluções para chegar até o cliente e entregar para ele, no curto prazo, funcionam melhor”, explicou Terra.
A identificação dos clientes também é o passo inicial para o uso da divulgação digital, na avaliação do diretor vogal do Ibevar, Nuno Fouto. Para ele, conhecer as necessidades e tendências permite movimentar as redes sociais e, consequentemente, a loja. Mas é preciso investir da maneira correta para alcançar os objetivos.
“A conectividade na loja é importante, apesar de serem ações com um custo um pouco maior e, dependendo do uso, talvez não tão efetivas. Hoje é possível propagar informações na rede social, além de ampliar o perfil dos consumidores. A tecnologia está aí, mas é preciso trabalhar isso com eficácia, com tratamento pragmático das informações”, disse Fouto.
Fonte: Diário do Comércio