As lojas voltadas às pessoas de classe média e de menor poder aquisitivo já representam 64% da rede do grupo. E responderam por 82% das inaugurações no segundo trimestre, período no qual a companhia reportou uma queda de 60,2% em seu lucro líquido
Nem mesmo a crise gerada pela Covid-19 foi capaz de conter o ímpeto do plano de expansão da Raia Drogasil (RD). A empresa que já vinha estabelecendo um contraponto à desaceleração de outras redes mesmo antes da pandemia, manteve intacto o plano de abertura de ao menos 240 unidades neste ano.
Entretanto, essa escalada em curso tem sido marcada por uma estratégia em especial: ampliar a presença da companhia junto à classe média, na contramão do movimento realizado anos atrás, marcado pela aposta em farmácias de perfil mais premium.
“Nós já vínhamos olhando para os mercados mais populares há alguns anos. Fomos melhorando e agora começamos a chegar realmente em um número que nos impressiona”, disse Marcilio Pousada, presidente da RD, em teleconferência com analistas realizada nesta manhã, 12 de agosto. “Essa estratégia nos permite entrar não apenas nas periferias das grandes cidades, mas também nas cidades menores.”
O segundo trimestre traz um pouco desse panorama. No período, a RD abriu 55 lojas. Desse total, 82% envolveram unidades nos formatos híbrido e popular. Com essa guinada, atualmente 64% dos pontos de venda da RD se encaixam nesses dois perfis, totalizando 1.382 unidades, das quais 508 foram inauguradas nos últimos três anos.
“As lojas híbridas falam com a classe média expandida, mas também com outros públicos, assim como as populares e superpopulares, que estamos tratando em um bloco só”, disse Eugenio De Zagottis, vice-presidente de planejamento corporativo e de relações com investidores da RD. “Se não estivéssemos abrindo essas unidades, não estaríamos crescendo mais em mercados como Salvador.”
Esses formatos mostraram força no segundo trimestre e ajudaram a compensar o impacto no volume de vendas, atribuído, em parte, às lojas premium, localizadas em sua maioria em shopping centers. No período, o lucro líquido da RD recuou 60,2%, para R$ 60,2 milhões. Já a receita líquida foi de R$ 4,46 bilhões, alta de 5,8% sobre o mesmo período, um ano antes.
Nesse cenário, as vendas totais nas lojas populares avançaram 15,5% e nas lojas híbridas, 9,1%. Já nas unidades premium, houve uma queda de 1,6% na comparação anual. “Nesse terceiro trimestre, já estamos vendo quase uma normalização nas lojas de rua”, disse Pousada. “A conta que ainda estamos pagando é das unidades dos shoppings.”
Em relatório, os analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi, do BTG Pactual, destacaram a capacidade de execução da RD, aliada a “um plano de expansão agressivo, em novas regiões e formatos”, como um dos pontos fortes da operação. Já no pregão da B3, as ações do grupo, avaliado em R$ 36,8 bilhões, operavam com uma queda de 2,29%, por volta das 12h50.
Hubs de saúde
Na teleconferência, os executivos da RD destacaram ainda os avanços na estratégia de consolidar suas lojas em hubs de saúde, com a prestação de serviços que vão além da venda de medicamentos e produtos de higiene e beleza.
“Já temos 1.450 salas de aplicação de injetáveis no Brasil inteiro e 43 lojas com licença de vacinação”, ressaltou Pousada, que também destacou a oferta de testes de Covid-19 em mais de 800 lojas da rede, em 213 cidades, de 22 estados. “Nós fizemos 225 mil testes sorológicos do coronavírus no trimestre.”
No segundo trimestre, o lucro líquido da RD recuou 60,2%, para R$ 60,2 milhões
O digital foi mais uma área que mereceu atenção no resultado, ao alcançar uma participação de 7,6% nas vendas totais do varejo da rede, entre abril e junho. “Em algumas cidades, essa penetração já fica entre 15% e 18%”, disse Pousada.
No período, outros fatores ressaltados foram o lançamento do serviço de entrega de vizinhança, em 100% da rede; um projeto-piloto de telemedicina voltada aos consumidores; e o volume de 1,4 milhão de downloads do aplicativo da rede, cuja base já soma 3,7 milhões de usuários.
Fonte: Neofeed