A fabricante de cosméticos Coty estuda a possibilidade de vender sua divisão de produtos profissionais para cabelos e unhas, que inclui as linhas Wella e Clairol, como parte de seus esforços para reduzir suas dívidas e simplificar sua estrutura, depois de uma série de reveses na empresa. A companhia também busca vender sua operação no Brasil, e planeja completar as vendas até a metade de 2020.
A Coty espera arrecadar entre US$ 8 bilhões (R$ 33 bilhões) e US$ 9 bilhões (R$ 37,1 bilhões), no mínimo, com as transações, acrescentou uma pessoa informada, e acredita que empresas concorrentes e grupos de capital privado estariam interessados em todos ou em parte de seus negócios.
A venda proposta representa o mais recente esforço da JAB, controladora da Coty, para resolver os problemas da empresa, que apresenta um dos desempenhos mais fracos em uma carteira que inclui a Keurig Dr Pepper e a Pret A Manger.
As ações da companhia, cotadas nos Estados Unidos, subiram em quase 15% com a notícia de que a Coty, cujo acionista majoritário é a companhia de investimento , havia contratado o Credit Suisse para conduzir o processo de venda das unidades.
A divisão atende a salões de beleza profissionais e deve gerar US$ 2,7 bilhões (R$ 11,1 bilhões) em receita este ano. Outras marcas na carteira que a Coty está colocando à venda incluem a Good Hair Day (ghd) e a OPI, de produtos para unhas.
A Coty fracassou na integração das marcas de beleza da Procter & Gamble que adquiriu por US$ 12,5 bilhões (R$ 51,6 bilhões) em 2015, e foi forçada a registrar uma depreciação de um quarto do valor da transação. A empresa também sofreu problemas de cadeia de suprimento no ano passado, o que causou queda nos preços de suas ações e levou a JAB a substituir seu comando executivo.
Pierre Laubies, presidente-executivo da Coty, disse que as vendas de ativos “reposicionariam a Coty como empresa mais ágil e de foco mais firme, reduziriam nosso endividamento e aumentariam nossa capacidade de investir nas áreas com maior potencial de crescimento”.
Se os produtos profissionais de beleza forem vendidos, a Coty ficará com sua divisão de produtos de beleza ao consumidor, que vem enfrentando uma queda de vendas à medida que suas marcas voltadas ao mercado de massa, como a CoverGirl, perdem preferência entre os compradores jovens, e com sua divisão de luxo, que fabrica fragrâncias sob licença.
A venda recolocaria no mercado algumas das marcas adquiridas da Procter & Gamble, e desfaria uma série de aquisições que remonta a 2010. A divisão de produtos profissionais de beleza respondeu por cerca de um quinto do faturamento anual de US$ 8,65 bilhões (R$ 35,7 bilhões) da Coty nos 12 meses até o final de junho.
As ações da Coty, cuja dívida líquida é de US$ 7,4 bilhões (R$ 30,5 bilhões), vêm cambaleando nos últimos 12 meses, e caíram abaixo de seu valor de oferta pública inicial em 2013. A alta da segunda-feira conduziu o valor de mercado da companhia a US$ 8,7 bilhões (R$ 35,9 bilhões).
As margens de lucro mais baixas e o crescimento mais fraco da companhia deixaram suas ações muito abaixo dos preços obtidos por rivais como L’Oréal e Estée Lauder, que registraram alta respectiva de 26% e 47% em suas ações nos últimos 12 meses.
A companhia disse que os proventos da venda devem ser usadas para reduzir a relação entre sua dívida líquida e a receita anterior aos juros, impostos, depreciação e amortização de mais de cinco para um a cerca de três para um. Qualquer provento adicional seria devolvido aos acionistas, entre os quais a JAB.
A JAB, que administra a riqueza da bilionária família Reimann, da Alemanha, elevou sua participação na Coty de 40% para 60% em abril, para tentar pôr fim a um período conturbado. Os problemas da Coty também influenciaram na demissão de Bart Becht, sócio diretor da JAB que deixou a empresa em janeiro; Becht foi presidente do conselho da Coty anteriormente.
Fonte: Folha de S. Paulo