A pandemia do coronavírus mexeu com nossos valores e “mindsets”. Uma pesquisa da McKinsey mostra por que consumidores e pessoas estão diferentes
Consciência na hora de comprar, fortalecimento de uma cultura de “faça você mesmo” e uma vida mais dentro de casa. Essas são algumas das tendências de comportamento que cresceram no dia a dia dos brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus. E elas devem durar.
De olho nessas mudanças, a consultoria McKinsey & Company aposta que os novos hábitos causados pelo isolamento social são mais profundos do que parecem.
Segundo a pesquisa Consumer briefing: evolving behaviors during COVID crisis (Informações dos consumidores: comportamentos em evolução durante a crise da covid, em tradução livre), existe uma mudança de “mindset” que vai sustentar os novos comportamentos. Segundo a pesquisa, novos valores começam a emergir.
Esses novos princípios tem a ver com mais planejamento e realismo, consumo consciente e valorização do meio ambiente e do bem estar social. Tudo isso atravessado por uma forte digitalização.
A partir dessas novas crenças, a consultoria apontou os caminhos que devem orientar como as pessoas vivem e consomem.
Com a pandemia do novo coronavírus, o e-commerce cresceu e as idas aos supermercados diminuíram. No entanto, o ticket médio do que é gasto aumentou, de acordo com a pesquisa, o que indica a volta de um velho hábito dos brasileiros: a compra do mês.
Na hora de sair de casa para comprar, a higiene tem sido uma forte preocupação das pessoas.
Além disso, o brasileiro está experimentando novas marcas e consumido com mais propósito.
O consumidor está menos fiel porque está em curso um “choque de lealdade”, causado principalmente pela procura por melhor custo-benefício na hora de comprar.
Esses novos hábitos refletem o que acontece no bolso da população. Antes considerado um povo otimista, o brasileiro está menos confiante sobre a economia do país conforme a pandemia permanece. As projeções do mercado apontam uma queda do PIB do Brasil em 2020 de mais de 6%.
Entre 21 e 24 de março, 25% dos brasileiros achavam que a economia do país iria se recuperar em dois ou três meses após a pandemia.
O último levantamento da McKinsey mostra que, no fim de maio, esse percentual caiu para 16%.
Com o sentimento pessimista, o cuidado com as finanças está crescendo. De acordo com a consultoria, esse é um dos grandes destaques na mudança de “mindset” do país. 81% acreditam que devem ser cuidadosos com o dinheiro, levado em conta o momento da pandemia.
Essa também é uma mudança no paradigma do país, que em geral é conhecido pela pouca educação financeira e pelo alto nível de inadimplência. Em maio, a inadimplência das famílias atingiu seu ponto mais alto da série histórica, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio.
Fonte: Exame