As varejistas esperam enfrentar pressão em vendas no segundo trimestre por causa da Copa do Mundo da Fifa, que começa no dia 14 de junho. O evento terá jogos do Brasil começando às 9h da manhã, às 11h ou às 15h, dependendo do seu avanço nas etapas do campeonato. A expectativa é que os jogos levem a uma queda no movimento de clientes em shopping centers e lojas de rua.
Na Copa de 2014, 62% dos shoppings sentiram queda nas vendas durante o mês dos jogos, segundo pesquisa do Ibope feita naquele ano. Consultores de varejo ponderam que a mobilização em torno da Copa neste ano provavelmente será menor do que em 2014, quando o torneio foi realizado no Brasil. Logo, o impacto negativo no tráfego de clientes e nas vendas em 2018 tende a ser menor que em 2014.
“A Copa do Mundo deve impactar um pouco os shoppings, mas no segundo semestre há um cenário de eleições num ambiente de incerteza política”, observou Ruy Kameyama, presidente da BRMalls, uma das maiores companhias do setor no país, em teleconferência realizada ontem com analistas e investidores.
Edmundo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), acrescentou que a Copa estimula as vendas de televisores, drenando recursos dos consumidores e afetando as vendas de vestuário e de outros bens de consumo. A Abvtex reúne as principais redes de varejo de moda do país, como C&A, Forever 21, Cia. Hering, Marisa, Inbrands, Renner, Restoque, Riachuelo e Zara (Inditex). Além dos fabricantes de TV, as companhias de bebidas também esperam que o mundial de futebol impulsione a demanda.
Para o setor de vestuário, outro fator preocupa, além do torneio. A ausência de frentes frias mais intensas na região Centro-Sul do país tem atrapalhado as vendas das coleções de inverno, que chegaram às lojas em meados de fevereiro. As varejistas contam com a ajuda do clima para vender as coleções até a primeira quinzena de junho, antes da Copa do Mundo.
“Havia uma expectativa de que em maio haveria ondas de frio maiores. Mas ainda não há perspectiva de frio mais intenso no Sudeste e no Sul”, afirmou Lima. O executivo disse ainda que o comércio se preparou com itens de inverno para o Dia das Mães, mas as redes associadas da Abvtex disseram não ter visto aumento expressivo nas vendas.
De acordo com a Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), as vendas no país para o Dia das Mães cresceram 4% em relação a 2017.
Sem citar números, Lima disse que as vendas do varejo de vestuário caíram em abril, em comparação a igual mês de 2017, interrompendo a tendência de recuperação do setor. “O movimento do varejo de vestuário tem sido bem instável. Janeiro foi um mês bom, em fevereiro e março começou a enfrentar dificuldades”, disse Lima.
O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostra para abril um recuo de 0,7% nas vendas de tecidos, vestuário, calçados e acessórios, levando a uma queda de 3,2% no acumulado do ano.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) reduziu a previsão de crescimento para a área de vestuário no ano de 2,5% para 1,4%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de artigos de vestuário e acessórios acumulou queda de 3,5% de janeiro a março. O varejo de tecidos, vestuário e calçados, por sua vez, registrou queda de 2,6% no primeiro bimestre do ano
Fonte: Valor Econômico