A redução de até 50% dos valores repassados pelo Ministério da Saúde às redes conveniadas ao “Aqui tem Farmácia Popular” pode inviabilizar o programa. Para a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o corte de verba tornará muito difícil a manutenção nas farmácias. “Cada empresa deverá avaliar se poderá ou não arcar com o prejuízo. As menores farmácias serão as mais prejudicadas”, afirma o presidente-executivo, Sérgio Mena Barreto.
Lançado em 2007 em conjunto com o Ministério da Saúde, o programa ampliou significativamente o acesso da população a medicamentos. Em 2015, oitavo ano da iniciativa, mais de 25 milhões de brasileiros foram beneficiados. A média de clientes atendidos mensalmente passou dos 335 mil, em 2007, para 2,1 milhões. Neste mesmo período, o número de unidades de medicamentos vendidas subiu para 65,4 milhões, um aumento de 635%.
“Além deste valor nunca ter sido reajustado ao longo de todos estes anos, mesmo com a inflação corroendo margens e com o aumento galopante de custos, o governo insiste em reduzir o valor pago às farmácias, que já está abaixo do aceitável há muito tempo”, alerta Barreto.
Para piorar a situação, ao menos 13 Estados aumentaram os impostos sobre os medicamentos, alguns em até dois pontos percentuais. “Vemos aí uma combinação perversa – redução de repasses e aumento de impostos – num setor que é crítico para a população. É mais uma prova de que não se considera saúde uma prioridade no país”, critica.