O estudo anual 306º Consumer View, realizado com painel de domicílios da Nielsen no País, mostra que o brasileiro procurou por alternativas para driblar a turbulência econômica do Brasil.
Segundo a pesquisa, 52% dos lares brasileiros foram impactados pela conjuntura econômica. São domicílios que não conseguiram pagar suas dívidas ou que algum membro da família ficou desempregado. Eles estão concentrados na classe C, com mais de três pessoas, comprometendo mulheres mais jovens (menos de 30 anos) sem ensino médio completo. Mesmo sentindo as dificuldades no seu cotidiano, esses lares têm comprado, em média, mais itens que antes, embora gastando menos.
Vale destacar que, mesmo nesse contexto, antes de reduzir consumo de alimentos, bebidas, itens de higiene/beleza e limpeza do lar, 58% adota outras medidas, tais como reduzir gastos com lazer fora de casa, e 18% declara não ter feito nenhum tipo de mudança orçamentária. Mais de um terço das famílias também afirma que vai se endividar novamente, após a quitação de suas dívidas.
Já os não impactados representam 48% dos domicílios, sendo que 77% destes estão poupando de alguma forma diante de incertezas. Eles economizam, principalmente, para pagar as contas em dia (40%), manter o padrão de vida que alcançou (22%), garantir os estudos próprio ou dos familiares (17%) e suster a casa própria que conquistou (11%). Eles estão concentrados na classe AB, com menos de três pessoas, e com a presença de donas de casa mais maduras (acima de 50 anos).
Vários canais e promoção
Além de procurar o autosserviço para se abastecer, os lares estão mixando mais os diferentes formatos para fazer suas compras, frequentando, em média, sete canais. Os formatos menores, como Mercearia, Padaria, Porta a Porta e Vizinhança, são destaques entre as famílias impactadas. A procura por promoções é outro escape para esses domicílios. O abastecimento e a reposição, por meio de produtos mais baratos e/ou promocionais, têm até 13% mais importância nos impactados em comparação com os não impactados.
A busca por itens e embalagens econômicas ocorre, em especial, nas cestas de Bebidas Não Alcoólicas e Limpeza, que são as mais prejudicadas nos lares impactados. O estudo aponta que, em Bebidas Não Alcoólicas, 75% das categorias sofrem trade-down (troca por marcas baratas) entre os impactados (vs. 50% não impactados) e 54% do volume movimentado foi em troca com produtos mais baratos (vs. 50% não impactados). Em Limpeza, 98% da perda de importância da cesta nos lares vêm dos impactados. Por outro lado, Bebidas Alcoólicas ganham destaque devido a redução fora do lar, que puxou o consumo para dentro de casa. Esse crescimento é impulsionado por cerveja tanto em frequência quanto em intensidade de compra.
“Mesmo em condições adversas, os brasileiros estão cada vez mais exigentes quando o tema é consumo. Para o futuro, a indústria e o varejo precisam unir forças para serem relevantes, oferecerem um bom portfólio, praticidade e hiperconveniência”, comenta Raquel Ferreira, especialista em entendimento do consumidor da Nielsen Brasil.
Fonte: Supermercado Moderno