O consumo das famílias deverá acelerar seu ritmo de recuperação neste fim de ano e retornar ao nível pré-recessão no primeiro semestre do ano que vem, estima a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Nos cálculos do instituto, o consumo da famílias deverá crescer 1,1% no quarto trimestre deste ano, frente aos três meses anteriores, ritmo acima do projetado para o Produto Interno Bruto (PIB), de 0,8%. Se confirmado, o consumo da famílias estará apenas 1% abaixo do seu pico histórico, registrado no quarto trimestre de 2014.
“O consumo das famílias vai crescer novamente acima do PIB. Desde a saída da recessão, esse tem sido um padrão. Estamos falando de um crescimento do consumo que, anualizado, chega a 4%”, disse Silvia, durante seminário de análise conjuntural realizado na sede da FGV.
Ela lembrou que esse desempenho mais acelerado no fim do ano é ajudado pela liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Por isso mesmo, não acredita que o ritmo previsto para o quarto trimestre se mantenha, até porque a inflação dos alimentos corrói o poder de compra e o desemprego continua alto.
“A taxa de desemprego ainda está bastante elevada. À medida que a economia acelera, mais pessoas decidem voltar [a procurar trabalho] e a taxa fica elevada. O emprego até cresceu bastante em 2019, mas ainda pela informalidade.
Renda cresce pouco, não deve ter ainda crescimento forte.
O Ibre/FGV prevê crescimento de 2,6% do consumo das famílias no próximo ano. Seria a melhor taxa desde 2017, quando cresceu 3,6%, na saída da crise.
Ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung disse que os indicadores sugerem uma recuperação cíclica tímida. Ele defendeu que o momento é único para aprovação de reformas no Brasil e que precisa ser aproveitado. “País vive retomada cíclica lenta, que interfere pouco na vida da sociedade.”
Fonte: Valor Econômico