Mesmo assim, consumidores elegem produtos dos quais não abrem mão. Número de idas ao supermercado por domicílio caiu de 85 para 81 vezes
O consumo nos supermercados voltou ao nível de 2010 em volume de compras. Mesmo assim, os consumidores não querem abrir mão do padrão de consumo conquistado nos anos pré-crise.
Os dados são de uma pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS), realizada em parceria com as empresas Nielsen e Kantar Worldpanel. O estudo foi divulgado nesta segunda-feira (2) durante a 32ª Feira e Congresso de Gestão Internacional APAS 2016, em São Paulo.
Segundo o levantamento, em 2015, o número de idas ao supermercado por domicílio caiu de 85 para 81 vezes no ano. O número de produtos comprados em cada ida ao supermercado também caiu, com redução de 1,5%.
Mesmo assim, após o aumento do consumo nos anos anteriores, especialmente entre 2008 e 2014, os consumidores elegem produtos dos quais não querem abrir mão. A classe C, por exemplo, não deixou de comprar produtos considerados “premium”, como cervejas, e para isso procura economizar comprando marcas mais baratas de produtos de limpeza e outras categorias que não considera prioridade.
Christine Pereira, da Kantar Worldpane, explica que o fenômeno é explicado pela definição entre os consumidores de momentos específicos para consumir produtos mais caros. “O consumidor está se permitindo, em alguns momentos, a consumir por exemplo a cerveja premium, como nos finais de semana, e durante a semana ele consome outro segmento mais básico. A gente está vendo muito essa sobreposição de segmentos.”
A pesquisa também destaca que os consumidores trocaram as marcas de produtos de 50% das categorias para outras com preço menor. Além disso, cerca de 20% dos consumidores que trocaram marcas de alimentos por outras mais baratas pretendem manter esse comportamento depois que o cenário melhorar.
Aposta em produtos básicos e ‘saudáveis’
Entre os supermercadistas, os pessimistas em relação ao desempenho do setor nos próximos meses são maioria. Em maio, 61,7% dos empresários se diziam pessimistas em relação ao setor. Enquanto isso, apenas 10,3% se diziam otimistas.
Mesmo assim, uma categoria específica de produtos foi destacada pela pesquisa como aposta para puxar as vendas para cima: produtos relacionados a alimentação saudável. De acordo com a pesquisa, essa é a preocupação de 49% dos consumidores.
A compra de refrigerantes em geral, por exemplo, caiu 5%, ao mesmo tempo que a de água de coco subiu 11%. Outro exemplo é o da margarina, que teve queda de 1,2% nas vendas enquanto a manteiga teve alta de 10%. Já a compra de leites comuns caiu 6%, enquanto os produtos com menor quantidade de lactose subiu 78%.
Já a categoria de iogurte, que sempre esteve presente entre os maiores crescimentos, passou a apresentar alta mais fraca nas compras. Segundo a Nielsen, isso reflete a priorização de produtos considerados mais essenciais pelas famílias em momentos de crise. De acordo com a pesquisa, as famílias passaram a priorizar os chamados itens “básicos” e para consumo dentro de casa, em detrimento de produtos para consumir fora do lar, como bebidas alcoólicas.
Crise econômica e o setor
Para 2016, o setor de supermercados espera faturar R$ 336 bilhões, um crescimento nominal de 6,5% – taxa menor que a registrada no ano passado, de 7%, com faturamento de R$ 315,7 bilhões. A variação real (descontada a inflação), no entanto, foi de queda de 3,6%. Segundo a Apas, essa queda real é uma demonstração do aumento do desemprego e da queda da reda dos consumidores de uma maneira geral.
Para se adaptar ao novo cenário, a associação diz que a meta do setor é se ajustar às novas necessidades dos consumidores em meio ao cenário de crise, identificando as categorias de produtos que devem apresentar queda ou alta nas vendas.