Ter uma vida de cão nunca foi tão prazeroso para os populares melhores amigos do homem. Pelo menos, é a conclusão que se tira a partir da inédita pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Promovido com internautas em todas as capitais do país, o estudo destacou que 61% dos entrevistados consideram os seus pets como membros da família. Com isso, o investimento para cuidar da alimentação, segurança, bem-estar e saúde deles — além de eventuais mimos — tem girado em torno de R$ 189 mensalmente.
Quando avaliamos os gastos com consumidores das classes A e B, o valor aumenta: R$ 224, em média. O trabalhador que recebe até dois salários mínimos pode ver representada, nessa cifra, cerca de 10% de sua renda familiar.
Isso destaca que o mercado pet está realmente indiferente aos ecos de crise econômica do Brasil. Só em 2016, o setor movimentou R$ 18,9 bilhões — um aumento de 4,5% com relação ao ano anterior. Detalhe: de acordo com a pesquisa do SPC Brasil e da CNDL, 21% responderam que não deixam de comprar algo aos seus companheiros por falta de dinheiro.
Nesse sentido, vale observar o mapeamento desse estudo, no qual se revela que 76% dos brasileiros possuem animais de estimação na seguinte proporção: 79% possuem cachorros 42% têm gatos em casa; e 17% possuem pássaros.
O ranking é complementado por peixes (13%), tartarugas (6%) e roedores (5%). Uma diversidade ampla, até, mas que se concentra em uma variedade não tão abrangente assim.
Segundo Davi Frate, coordenador de marketing digital da Petz — varejista do mercado pet —, “o investimento do consumidor se concentra mais em alimentos, tapetes higiênicos para cães, areia para as necessidades fisiológicas dos gatos e medicamentos”.
Predileção de consumo compreensível, tendo em vista a absoluta maioria de cães e gatos entre os animais de estimação do brasileiro. E que também caminha lado a lado com os resultados da pesquisa pioneira: 52% dos consumidores optam pelas rações premium.
De acordo com as respostas dos entrevistados, a preferência se dá pelo fato de que a linha premium costuma ser a mais adequada para a raça e o porte de seus animais. Para 21% dos consumidores, a comida natural, e feita exclusivamente para os pets, também está em ascensão e vem ganhando mais espaço nesse orçamento mensal.
Para o coordenador da Petz, esse tipo de produto está se consolidando: “Não é uma verdade absoluta, mas temos notado um aumento na venda de alimentos super premium e naturais — que são livres de corantes e conservantes artificiais”.
Ele também aponta que a saída de produtos é bastante diversificada: “Na linha de produtos, além dos básicos e essenciais já citados, podemos citar acessórios, como as bolinhas e outros brinquedos, além de comedouros e roupinhas”, explica o coordenador de marketing.
Frate também aponta o registro de consumo do brasileiro com relação aos serviços oferecidos pelas lojas especializadas. Na ordem: banho, tosa e corte de unhas. O que também segue em alinhamento com a pesquisa do SPC, em que 37% dos pets só tomam banho em pet shops — além de outros 13% que aproveitam para receber tratamentos estéticos.
Ao explorarmos a amplitude dos serviços e produtos ofertados no setor pet, a pesquisa aponta outros cuidados até aqui ainda não mencionados, como as vacinas (63%), as visitas ao médico veterinário (44%), e os custos com passeadores profissionais (13%), tratamentos dentários (9%) e contra a obesidade (8%), além de serviços como acompanhamento comportamental (8%), adestramento (7%) e creches (7%).
“A composição da cesta de compras dos donos de animais de estimação está mudando. É cada vez maior a demanda por cuidados especializados, além de produtos que atendem às características específicas dos animais. Moda e estética, alimentação saudável, hospedagem, atendimento em casa, exercícios físicos e saúde comportamental são algumas das áreas que deverão se desenvolver intensamente nos próximos anos”, ressalta Roque Pellizzaro Junior, o presidente do SPC Brasil.
Com base na pesquisa, Pellizzaro Junior mostra que o tratamento humanizado dos animais de estimação é uma tendência que está consolidada. E esse mercado bilionário tem, nas mãos, múltiplas oportunidades de se diferenciar ainda mais nos próximos anos.
Não apenas isso: o brasileiro quer se envolver cada vez mais nas melhores práticas e cuidados para potencializar a saúde e bem-estar de seus animais de estimação. 41% dos entrevistados dizem participar de eventos e/ou comunidades associadas ao universo dos pets. E esmagadores 93% deles buscam todo tipo de informação antes de adquirir qualquer tipo de produto ou serviço para os seus companheiros.
Isso evidencia também as prioridades, segundo o consumidor: 63% deles prezam pela higiene, enquanto 58% apostam na manutenção de consultas, exames e vacinas.
No que diz respeito à alimentação e conforto, 55% oferecem doces e produtos gordurosos aos animais, à medida que 51% reforçam o cuidado com uma alimentação balanceada. Ou seja: é uma atenção mais humana, sim, mas que o mercado tem respondido à altura dos cuidados do seu público-alvo. Não à toa, 58% dos entrevistados disseram dar muita atenção aos confortos dos seus pets para dormir — sendo que 23% deles revelaram os que o animalzinho de estimação dorme no mesmo quarto que eles.
Ainda de acordo com a pesquisa do SPC, 62% disseram que sentem a falta de mais espaços que permitam a entrada e presença de pets no recinto, como shopping centers, restaurantes e lojas. Uma demanda que já tem sido amplamente suprida por estabelecimentos comerciais.
Com isso, podemos ter uma clara percepção do que o mercado pet tem apresentado nos últimos anos: se o setor acumula crescimentos contínuos de faturamento, ano após ano, a explicação está na atenção cada vez mais dedicada e humanizada do brasileiro com os seus animaizinhos de estimação.
Fonte: Exame