Na crise, só há uma opção: economizar. Colocar os gastos na ponta do lápis e segurar as compras por impulso são os primeiros passos para controlar suas finanças. Mas será que os brasileiros têm feito a lição de casa?
Um levantamento realizado pelo Ibope DTM, unidade do IBOPE Inteligência e do SPC Brasil, através da plataforma de dados PeopleScope, mostrou que sim, pelo menos quando o assunto é compras no supermercado. Foram monitorados os gastos de consumidores em três redes varejistas no Sudeste.
Em 2015, o valor médio gasto com produtos de supermercado caiu 4,8%, na comparação com o ano anterior, e a média de itens comprados diminuiu 0,7%. Mas, por outro lado, a média de visitas ao local cresceu 2,1% nesse período.
Para Bernardo Canedo, presidente executivo do Ibope DTM, esse movimento ocorre porque os consumidores diminuíram a quantidade de refeições fora do lar e aumentaram o consumo em casa.
Com isso, as pessoas aumentaram a compra de frutas, legumes e verduras (12,3% em itens e 2,9% em valor) — categoria responsável pela maior frequência do consumidor ao mercado (6,3% em média de visitas), já que são produtos perecíveis.
Também colaboraram para o aumento das visitas as bebidas alcoólicas. A média de itens alcoólicos comprados caiu 4,6%, mas o valor médio subiu 1,1% e a ida ao mercado para comprá-los cresceu 4,4% no período —isso fez o “índice da cachaça” disparar.
Já produtos de mercearia tiveram recuo em valor médio (-3,7%) e quantidade (-0,5%), mas aumento de 1,6% em frequência, também colaborando para o aumento das visitas dos consumidores aos supermercados no período.
Por outro lado, a categoria perfumaria e higiene concentrou a maior mudança no consumo do brasileiro: a quantidade de itens comprados diminuiu 8,7%, o valor médio caiu 8,6% e as visitas ao mercado para comprar esses produtos recuaram 5,1%.
“Notamos que houve uma substituição de produtos premium de higiene por outros mais simples. As pessoas estão trocando o sabão líquido pelo sabão em pó, por exemplo”, diz Canedo. “A PEC das domésticas também reduziu o número de trabalhadores desse setor e isso pode ter ajudado a diminuir o consumo de produtos de limpeza”, completa.
Veja abaixo o comportamento por categoria de produto —variação em 2015, frente a 2014, em %:
Categoria de produto | Valor médio | Média itens | Média visitas |
---|---|---|---|
Mercearia | -3,7 | -0,5 | 1,6 |
Bebidas alcoólicas | 1,1 | -4,6 | 4,4 |
Carnes | -3 | -3,5 | -0,1 |
Frutas, Legumes e Verduras | 2,9 | 12,3 | 6,3 |
Produtos de Limpeza | -9 | -2,2 | -0,1 |
Perfumaria e Higiene | -8,6 | -8,7 | -5,1 |
Queijos e Frios | -7,6 | -4,5 | -0,5 |
O que fazer para gastar menos?
De acordo com o presidente executivo do Ibope DTM, os brasileiros reagiram à crise, independentemente da classe social. O PeopleScope dividiu a população brasileira em 13 macrosegmentos e 42 segmentos e descobriu que o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras foi homogêneo na população.
“Considerando que temos, hoje, cerca de 60 milhões de inadimplentes no país, a palavra de ordem é planejamento”, diz Magno Lima, superintendente de novos negócios do SPC Brasil. “As pessoas continuam com suas aspirações, mas terão que se planejar melhor para poder alcançá-las”, completa.
Algumas atitudes simples podem ajudar você a gastar menos no supermercado. Escolha frutas, verduras e legumes da estação, por exemplo, e não tenha medo de alimentos feios. Além disso, ter uma horta em casa também pode ser benéfico ao seu bolso.
Alguns aplicativos e sites também são aliados de quem quer gastar menos no supermercado. Eles comparam preços, fazem listas e facilitam sua vida na hora das compras.