Apesar de o brasileiro se preocupar com a sustentabilidade dos produtos de higiene pessoal e cosméticos que compra, apenas a população de alta renda consegue aliar o discurso com prática. Dados do painel de domicílios da Nielsen indicam que esses consumidores gastaram R$ 10,9 bilhões nos 12 meses encerrados em junho ou 18,2% das vendas da categoria.
Mulheres com idade entre 36 e 45 anos representam 66,6% do público interessado nestes itens. “É equivalente ao consumo da região Sul”, disse Margareth Utimura, líder da indústria de higiene e beleza da Nielsen. Ela acrescentou que, para ampliar o público, indústria e varejo precisam melhorar a comunicação em campanhas e embalagens.
As principais motivações listadas pelos consumidores para adquirir esses produtos foram a preocupação com o planeta (51%), seguida por fazer bem para o corpo (34,3%) e por considerá-los melhores que os tradicionais (11,9%). Entre os países emergentes, os brasileiros são o sexto mercado que mais exige ações sustentáveis das empresas.
“O entendimento do consumidor sobre sustentabilidade ainda é primário. A Ebit identificou no levantamento feito em setembro que basta ter ingredientes naturais, ter embalagem biodegradável e reciclável para o produto ser considerado sustentável”, afirmou Margareth. Não é considerada a emissão de gás carbônico durante o ciclo de produção.
As vendas de produtos com ingredientes naturais, feitos com extratos de flores, frutas e plantas, cresceram três vezes mais que os comuns em 12 meses, e representaram 7,8% do total. Os livre de testes em animais ou “cruelty free”, responderam por 10,9% do faturamento e avançaram 161%. Os veganos cresceram 158% no período de um ano encerrado em junho, com uma participação de 3,2% das vendas.
Segundo o levantamento, os produtos naturais, veganos e orgânicos mais comprados pelos consumidores são xampu, sabonete e condicionador (ver ao lado). Mas existe oportunidade para categorias como creme para o corpo, maquiagens e creme para o rosto, que estão menos presentes na cesta de consumo.
O preço ainda é o fator que impede mais consumidores de comprarem produtos sustentáveis, citado por 26,6% dos entrevistados. A líder da indústria de higiene e beleza da Nielsen disse que, ao comprar estes itens, as classes A e B desembolsam em média 3% a mais em relação ao produto habitual, mas que nas classes C, D e E, o preço normalmente é 20% maior. “Esta escolha pesa mais no orçamento”.
Em relação ao canal escolhido para se abastecer, os consumidores preferem as perfumarias por conseguir testar os produtos e conhecer mais rapidamente os lançamentos da indústria. As lojas físicas são escolhidas por 67,2% para fazer compras, enquanto 32,8% preferem o comércio eletrônico.
Fonte: Valor Econômico