Por Marcos Bonfim
Um levantamento do Google registrou que 64% dos brasileiros não têm “love brands”, aquelas marcas que não deixam de comprar por nada. O principal motivo para as mudanças na hora de escolher as marcas de consumo é o preço, de acordo com 37% das pessoas.
A pesquisa foi encomendada pela big tech à Offerwise e consultou mais de 2 mil pessoas de todas as idades, classes sociais e regiões do país. O estudo procurou entender a relação que os brasileiros têm com marcas de alimentos, bebidas, produtos de higiene e limpeza.
O resultado mostra o retrato de um quadro econômico desgastado, consequência da crise econômica, inflação em alta e de quebras na cadeia de abastecimento. E também de um cenário mais competitivo: novas marcas como as nativas digitais e aquelas fundadas por criadores de conteúdo surgem diariamente e concorrem com as grandes companhias antes estabelecidas.
A diluição da força das grandes marcas é reforçada por um outro dado do próprio Google. 93% das pesquisas sobre produtos na ferramenta de buscas atualmente são genéricas, citam apenas as categorias. As marcas são lembradas nos 7% restantes.
Segundo a pesquisa da Offerwise, apenas 19% dos entrevistados indicaram que consomem sempre as mesmas marcas.
O levantamento também chamou a atenção para a geração Z, grupo da população nascido a partir de 1995. Eles têm uma relação um pouco mais desapegada, 65% declararam que não são fiéis.
E 10% afirmaram que adquirir itens de “marcas grandes” não é um diferencial – na população em geral, o percentual ficou em 7%.
Há um discurso que ecoa no mercado publicitário e de marketing há muito tempo, baseado em duas palavras: experiências e personalização. Nem sempre postas em prática, as duas iniciativas despontam ao lado de “benefícios” entre os itens mais esperados pelo consumidores.
Questionados sobre como as marcas podem criar conexões, eles listaram:
- Descontos e benefícios – 65%; entre as mulheres, o percentual é de 70%
- Experiências de compra mais personalizadas, 45%
- Produtos personalizados – 40%; na geração Z, o número é de 44%
- Propósito (mais ação e menos discurso) – 29%; na geração Z, 35%
“As marcas que forem constantes e consistentes na comunicação são aquelas que vão conquistar o coração dos futuros e presentes shoppers”, disse Maria Dafne, líder do squad de geração Z do Google.
Frente às transformações, tendências e novos formatos, o streamer Casimiro, fenômeno nas redes, defendeu que as marcas precisam estar cada vez mais abertas às possibilidades.
“Se a marca olhar o criador de conteúdo como um colaborador, não um verbalizador, será muito melhor”, disse em participação por vídeo. Ele citou o case feito com a Heinz em que falava sobre hamburguer às 3h da manhã. “O criador conhece o público”.
Fonte: Exame