A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) tende a reduzir a projeção de 2017 do faturamento do setor, segundo o presidente da entidade, Walter Cover.
Oficialmente, a estimativa ainda é de que as vendas permanecerão estáveis em comparação às do ano passado, mas a projeção será revista após a compilação dos dados de junho.
Se houver redução de vendas neste ano, o faturamento da indústria de materiais cairá para os patamares de 2008, de acordo com Cover. Será o terceiro ano consecutivo de encolhimento do setor. Em 2015, o faturamento caiu 6% e, no ano passado, 12,5%.
De janeiro a maio, as vendas de materiais de construção acumularam redução de 7%, na comparação anual, segundo a Abramat. A comercialização das indústrias para o varejo cresceu 2%, mas a venda para as construtoras encolheu 15%.
O canal construtoras inclui edificações, segmento para o qual as vendas caíram 5% e infraestrutura, cuja comercialização acumula queda de 30%.
Neste ano, as vendas da indústria de materiais para o varejo vão responder por 55% do total, ante a média histórica de 50%. Em 2016, o varejo respondeu por fatia de 52% a 53% do total, de acordo com Cover.
O presidente da Abramat ressalta que o desempenho do segundo semestre tende a ser melhor na comparação anual, devido à base fraca de julho a dezembro de 2016. Se as Parcerias Público-Privadas (PPPs) começarem a sair do papel, vão contribuir para mais demanda por materiais. “Mas isso não muda muito o quadro”, diz Cover.
É preciso que o governo acelere as contratações para as faixas 1 e 1,5 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, segundo o presidente da Abramat, e que os juros da linha de crédito direcionada à compra de materiais de construção — Construcard — sejam reduzidos.
A crise política também contribui para dificultar a situação do setor, de acordo com Cover.
Fonte: Valor Econômico