A redução ocorreu a partir da compra no mercado livre, sistema no qual é possível negociar valores diretamente com o fornecedor do recurso
Segunda maior rede do Paraná, com faturamento de R$ 3,8 bilhões em 2015, a varejista Condor economizou R$ 3 milhões com energia elétrica no ano passado a partir da compra do recurso no mercado livre. Essa modalidade consiste em negociar diretamente os preços com o fornecedor (uma usina, por exemplo). E isso pode ser uma vantagem para os supermercados, já que fechar bons acordos comerciais faz parte do dia a dia do setor. O valor economizado pela empresa equivale a uma redução de 42% no custo de energia no período.
Aliceu Darci Brambilla, diretor de patrimônio da rede, começou a pesquisar os benefícios e a viabilidade de implantação em 2008. Dois anos depois, a primeira loja da companhia começava a ser abastecida dessa maneira. Para isso, foi necessário adequar o sistema de medição de baixa para alta tensão. Segundo Brambilla, o custo de adaptação gira em torno de R$ 45 mil e prazo vai de 5 a 6 meses. “Logo no primeiro semestre, houve economia de 5% na unidade. Nos seis meses seguintes subiu para 12%”, afirma. Parte da redução de custo gerada nos últimos meses de 2010 ocorreu porque os reajustes de tarifa no mercado livre, ocorridos naquele período, só foram aplicados no início do ano seguinte. Já no sistema tradicional, a cobrança foi realizada antes.
A adesão ao mercado livre se estendeu rapidamente. Em 2011, foram 12 unidades adquirindo energia por esse sistema. Hoje, são 22 lojas e o Centro de Distribuição. Segundo Brambilla, cerca de 60% do recurso vem do mercado livre e os outros 40%, da Copel (Companhia Paranaense de Energia). “Só não contratamos 100% porque há lojas pequenas e antigas que possuem baixa tensão. Nelas, o consumo é bem menor e o retorno, pequeno. Por isso, não vale a pena fazer a migração. Mas todas as nossas lojas novas já são preparadas para receber energia do mercado livre”, explica.
O executivo lembra que, em 2010, foram comprados 3,5 MW (megawatts), o suficiente para abastecer 13 unidades. Na época, o acordo de fornecimento foi fechado, após cotação de preços, com a usina Novo Horizonte, vendida posterior à CPFL Energia. No início de 2015, a varejista adquiriu mais 7 MW, com contrato até dezembro de 2020. “Do começo deste ano até agora, o custo com energia caiu mais 35%. De julho até dezembro, estimamos economizar também 35%. E estamos estudando comprar mais 3 MW para 2017, a fim de atender novas unidades que serão abertas”, explica.
Como funciona o mercado livre
Esse modelo de compra de energia foi regulado pela lei 10.848/2004, que estabelece a ACR (Ambiente de Contratação Regulada – Mercado Regulado ou cativo) e ACL ( Ambiente de Contratação Livre – Mercado Livre). No primeiro caso, a contratação é feita por meio de contratos de fornecimento entre o consumidor cativo e a concessionária em que se encontra conectado. Já no segundo, são realizados com contratos de compra de energia entre o consumidor (uma empresa, por exemplo) e o fornecedor, que pode ser um gerador e/ou responsável pela comercialização da energia. A contratação no ACL oferece a oportunidade de negociar livremente quantidades e valores. Esse mercado está estruturado com regras e procedimentos de comercialização definidos pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).