Uma vez que a transformação digital chegou para ficar no setor varejista, o passo seguinte é desenhar estratégias para o negócio que está superando a crise econômica no Brasil e tem um caminho pela frente. Essa jornada é pautada por vários fatores, desde fazer o básico bem feito no backoffice a engajar o cliente na ponta surpreendendo-o com um atendimento diferenciado.
Na prática, como o varejista pode seguir esse caminho? Na visão de Nicolas Simone, CIO do Grupo Boticário, a melhor maneira de inovar é pensar o negócio como se fosse uma startup tratando novas ideias mirando a entrega de valor para a empresa e também para o consumidor.
O CIO é um dos painelistas confirmados na 5ª edição do Congresso TI & Varejo, que será realizado no dia 18 de agosto no WTC, em São Paulo. Em entrevista à Decision Report, o executivo destaca que pontos como simplificação e inovação tecnológica podem ajudar o varejista a surpreender o cliente.
Decision Report: De que maneira o Varejo brasileiro pode trabalhar os processos de inovação tecnológica?
Nicolas Simone: Os varejistas têm que ter um olho no dia a dia e o outro na inovação. Entretanto, não é inovar por inovar, mas criar valor para o negócio e consumidor. Acredito que a melhor forma de ver o Varejo é pensar como uma startup: simples, quebrando paradigmas, pensando nas necessidades de nossos clientes e estando um passo à frente delas.
DR: E esse caminho é espinhoso ou a Tecnologia da Informação pode ajudar a tornar os processos mais simples?
NS: Considerando que o princípio da inovação contempla o conceito de conexões entre elementos já existentes, podemos considerar que essa jornada tecnológica não necessariamente precisa de altos investimentos. O que podemos fazer é uma análise eficaz de tecnologias que podem trazer simplificação para todo ecossistema do Varejo.
DR: Essa estratégia consiste em contar com um profissional ou um núcleo de negócio pensando somente em inovação?
NS: Com certeza. Hoje o segmento de Varejo no mundo todo vem passando por uma transformação profunda. Com isso, os varejistas precisam ter a capacidade de se reinventar continuamente. Esse processo é provocado e capitaneado por TI, que por sua vez, precisa utilizar cada vez mais os conceitos de startups como aceleradores.
DR: E como isso se aplica ao Varejo?
NS: Ideias inovadoras acontecem todos os dias e acabam sendo perdidas no calor da operação. Todo indivíduo que conhece o negócio e que está buscando fazer o seu trabalho da melhor forma é capaz de trazer sugestões adequadas. É preciso ter um time de inovação tecnológica que captura, enriquece, lapida essas ideias, e o mais importante, as implementa e valida os resultados (antes e depois). Várias vão ser descartadas, mas algumas podem revolucionar o varejo. O importante é ter agilidade e conseguir filtrar e testar com rapidez.
DR: De que maneira essa estratégia pode trazer benefícios e vantagens competitivas para o Varejo?
NS: Todo consumidor adquire um produto ou serviço visando a solução de um problema ou a satisfação de um prazer pessoal. O varejista que conseguir encantar esse consumidor de forma diferenciada vai superar as expectativas, trazendo uma experiência nova, simples, divertida, bonita e mais eficiente.
DR: E o Grupo Boticário está fazendo essa lição de casa?
NS: Nosso foco como TI é possibilitar que isso aconteça. Pensar o negócio como se fosse uma startup pode fazer com que você identifique uma quantidade significativa de oportunidades pouco exploradas. É preciso tratar inovação e ideias sempre pensando em agregar valor.
Nós não paramos de investir mesmo em um cenário de instabilidade. Claro que revemos nosso planejamento, expandimos a equipe de TI e priorizamos alguns investimentos, mas estamos dando continuidade aos projetos de inovação. Unificamos todos os sistemas e desde janeiro deste ano, contamos com uma nova tecnologia de comércio eletrônico, o que nos ajuda a olhar todo nosso ecossistema, da produção à venda na ponta.