Rede de franquias projeta faturamento de R$ 150 milhões em 2022 e abertura de 50 novas lojas por ano. Panetones clássicos também entram no jogo
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As lojas da Casa Bauducco, rede do grupo Pandurata Alimentos, que também é dono da Bauducco, vão ter uma nova cara nos próximos meses. A ideia é atualizar as franquias de cafeterias à nova identidade da marca, deixando de lado o cenário que lembra os antigos comerciais de TV da empresa e trazendo mais tecnologia e modernidade para o atendimento. A primeira unidade a receber a nova roupagem foi a de Uberlândia (MG), e a ideia é comemorar o marco de dez anos de existência dessa frente de varejo — a indústria completa 70 anos neste ano.
A projeção é encerrar o ano com 115 lojas e abrir cerca de 50 franquias por ano até chegar a 400 unidades. Para isso, a marca passou a diversificar pontos de venda, em um projeto chamado internamente de “ecossistema”, com lojas que vão para hospitais, bancos, centros de convenção e aeroportos, além de tuk-tuks e até franquias com drive-thru em rodovias. O cardápio também muda de acordo com a localização da loja. Por exemplo, em hospitais é possível encontrar opções de desjejum sem glúten, sem lactose e pratos kosher.
O investimento inicial varia de acordo com o formato: o modelo compacto demanda um aporte de R$ 180 mil, já o tuk-tuk sai por R$ 250 mil. Os quiosques custam a partir de R$ 450 mil e as lojas podem sair entre R$ 550 mil e R$ 600 mil.
Paulo Cardamone, CEO da Casa Bauducco, diz que as vendas já estão acima do período pré-pandemia. Em junho, o patamar tem sido de 22% acima do mesmo mês em 2019, nas mesmas lojas. O crescimento real é de 7%, e o faturamento esperado para este ano é de R$ 150 milhões, cerca de 30% acima do ano passado.
O novo layout vai custar entre R$ 100 mil a R$ 150 mil por loja e demandou um investimento de cerca de R$ 500 mil para o desenvolvimento. A ideia é tornar o ambiente mais leve e confortável, com menus digitais, telas e mais claridade, com o objetivo de proporcionar encontros.
“Os franqueados vão fazer as alterações dentro da renovação de contrato. Aqueles que já quiserem estar dentro do novo layout não vão esperar. Projetamos que as alterações sejam feitas em até quatro anos.” O executivo acredita que os potenciais resultados no aumento de vendas possa ajudar a acelerar as mudanças — mas ele não arrisca estimativas.
Outra mudança que tem acontecido em algumas lojas é trazer unidades da Empório do Panetone, especializadas nos panetones clássicos da Bauducco, os de caixa amarela, para dentro da Casa Bauducco. Esses produtos, geralmente destinados a supermercados em época de Natal, agora também poderão ajudar a compor o faturamento das cafeterias ao longo do ano. “Se a gente achar pontos interessantes que casem as duas operações, faz sentido.”
A experiência de varejo nos últimos dez anos trouxe alguns insights importantes para a indústria, de acordo com Cardamone. Alguns produtos que só eram destinados à Casa Bauducco, por exemplo, foram para as prateleiras do supermercado após terem sua aceitação certificada. “Vimos a força do pão de mel na cafeteria e entendemos que ele também funcionaria no varejo. Muitos dos aprendizados que vimos em categorias que performaram bem em Casa Bauducco foram para a indústria.”
Outro aprendizado foi entender como o consumidor lidaria com panetones fora do Natal. A fatia do produto é o carro-chefe da cafeteria, e aos poucos, a marca percebeu que sabores salgados também poderiam ser bem-vindos. Segundo o executivo, a categoria se tornou uma das dez mais vendidas.
“Aprendemos que somos, de fato, uma cafeteria. Antes tínhamos muito produto de empório e hoje entendemos que é preciso ter área de convivência, a pessoa quer viver experiência nesse espaço, não só comprar e ir embora. Precisamos entender isso bem no começo e nos adaptar”, explica.
Mas a empresa não vivenciou apenas o lado bom do varejo. A pandemia, que os obrigou a fecharem todas as lojas temporariamente, e a inflação, que tem corroído o poder de compra do consumidor, são alguns dos aprendizados mais amargos que a rede tem tido.
Além dos custos de ocupação em shopping centers, que foi um dos motivadores para que a rede olhasse para novos pontos de venda, o fato de ser uma indústria não alivia tanto assim os preços dos insumos, de acordo com o executivo — inclusive, porque nem tudo o que é vendido na loja é fabricado pela Bauducco.
“Tivemos os mesmos aumentos de açúcar, gordura, chocolate e outros que todo mundo teve. Vivendo a mesma inflação. Seguramos os repasses o máximo possível, mas chega uma hora que não dá, senão desorganiza toda a cadeia de valor.”
Fonte: PEGN