Por Mitchel Diniz | A possível fusão entre Petz e Cobasi, anunciada na manhã desta sexta-feira (19), tem como referência uma combinação de negócios histórica do setor farmacêutico. “O que nós queremos é fazer uma combinação no estilo Raia Drogasil, em que Raia continuou sendo Raia e Drogasil, sendo Drogasil”, afirmou Sergio Zimerman, atual CEO da Petz, em teleconferência com analistas e investidores para detalhar a operação. O executivo afirma que não há pretensão de nenhuma das partes envolvidas no negócio em abrir mão de suas marcas.
Atualmente, o conselho de administração da Petz é presidido por Claudio Roberto Ely, executivo que esteve no comando da Drogasil por mais de uma década e estruturou a fusão com a Raia em 2011. “Ele não só colaborou com o sucesso do memorando de entendimento com a Cobasi como também vai colaborar profundamente nesse processo de como construir a companhia combinada”, disse Zimerman.
A ideia é que Ely passe o bastão para Zimerman quando o negócio for concluído. O atual CEO da Petz vai ser indicado à presidência do conselho da companhia. O cargo de CEO, por sua vez, será ocupado por Paulo Nassar, presidente da Cobasi e membro da família que detém uma participação de 89,5% na empresa.
Juntas, as empresas possuem um faturamento de R$ 6,9 bilhões, sendo R$ 3,8 bilhões da Petz e R$ 3,1 bilhões da Cobasi e 483 lojas (249 da Petz e 234 da Cobasi).
Na estrutura acionária após a transação, a participação de Sergio Zimerman, que hoje tem 29,7% da Petz, será de 14,9% na nova companhia. Os acionistas da Cobasi terão uma fatia de 50%. O free float (ações em livre circulação) sairia dos atuais 70,3% na Petz para 35,1% na empresa combinada.
Questionado por um investidor se a empresa poderia fechar capital após a combinação dos negócios, Sergio Zimerman negou a possibilidade. “A Cobasi inclusive tem o desejo de ser companhia aberta. Nenhuma das partes pensa em fechamento de capital”, afirmou.
O executivo se esquivou de perguntas de analistas sobre as sinergias do negócio, afirmando ser “extremamente prematuro quantificar algo nesse sentido”.
“A transação andou fundamentalmente nos últimos 15 dias e tratamos apenas dos temas mais importantes, de governança e relação de troca. Nos próximos 90 dias, processos de diligência vão fazer um levantamento mais aprofundado de sinergias”, disse Zimerman.
Em relação as aprovações regulatórias, a percepção do CEO é de que a transação deve ter o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) dentro do prazo comum para esse tipo de caso, sem remédios “amargos”.
“Estamos muito otimistas porque a concentração de mercado é irrelevante. Em algumas categorias Petz e Cobasi significam quase nada. Há um monte de lugar em que não há qualquer das duas marcas, ou existe apenas uma delas. Pode haver algum tipo de remédio, sim, mas não trabalhamos com cenário de remédio amargo”, concluiu.