Presidente da ABF fala sobre o impacto que o cenário político-econômico gera no setor de franquias
As crises política e econômica têm impactado todos os negócios. O segmento de franquia, que até 2014 crescia a dois dígitos também sentiu os impasses e desacelerou. Apesar disso, há oportunidades para crescer mais, segundo a presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Cristina Franco. “É o momento de buscas locais para médio e longo prazos com excelentes condições de custo”, disse.
A executiva tem presença confirmada no BR Week 2016, o maior congresso de varejo do País, que ocorrerá em junho, em São Paulo. Em entrevista, ela fala sobre o momento pelo qual passa o País e como as franquias podem crescer, mesmo agora.
1. Como você avalia o comportamento do varejo, e especialmente das franquias, diante de uma crise política e econômica?
Assim como todos os segmentos da economia, o franchising vem sendo impactado pela retração do consumidor e escassez de crédito. No entanto, creio que nosso setor soube se preparar antes e tem mais estrutura para enfrentar esse cenário. De forma que entendo que vivemos um momento de superação e não de estagnação. Como nossos números indicaram, o franchising foi um dos últimos setores a sentir mais fortemente os impactos da desaceleração econômica e tem tudo para ser um dos primeiros a sair quando cenário político e econômico se estabilizarem.
2. Quais estratégias são possíveis hoje para estimular o crescimento do setor?
Desde 2012, as redes vêm sentindo a desaceleração econômica e vem tomando medidas de saneamento como o corte de custos, a busca incessante por eficiência e renegociação com fornecedores. Mais recentemente, temos notado grande esforço na revisão ou adaptação de produtos e serviços, campanhas promocionais e até parcerias entre redes. É nesse momento também que a atuação em rede fala mais alto, com a intensa troca de informações e experiências entre franqueados e franqueadores e o estímulo mútuo para a manutenção dos resultados. Enquanto associação, acreditamos que a capacitação também é outro caminho fundamental e toda a rede deve buscar se atualizar, identificar novas ideias e soluções e levar para sua operação.
3. É possível, diante desse cenário, o varejo conseguir resultados?
Acreditamos firmemente que sim, afinal na crise também surgem oportunidades. Por exemplo, a oferta de pontos comerciais cresceu muito. É o momento de buscas locais para médio e longo prazo com excelentes condições de custo. Temos visto também muito consumo de substituição, ou seja, a troca de produtos mais caros por mais baratos. As redes que conseguirem se posicionar neste nicho certamente terão um público cativo.
4. Como você avalia 2016 e 2017 para o varejo, e em especial para o setor de franquias?
2016 é um ano de travessia no qual teremos que nos reinventar. Com a melhora do quadro político, porém, acredito que em 2017 o País comece uma recuperação gradual, cujos reflexos mais claros virão em 2018. Algumas medidas em discussão para a economia envolvem o combate ao desemprego e a retomada das concessões e parcerias público-privadas. Essas medidas – se concretizadas – fortalecem a retomada do consumo e, portanto, tendem a dar mais folego ao varejo e ao franchising nos próximos meses.