O grupo AMC Têxtil comprou a mineira Skazi em novembro. Antes, havia comprado a Colcci, em 2000, Sommer, em 2004, Carmelitas, em 2005, e o trio Forum, Triton e Tufi Duek, em 2008.
Desde a fusão frustrada dos grupos Restoque e Inbrands, há quatro anos, a indústria da moda não dava sinais de retomada no apetite dos empresários por novas aquisições. O marasmo acabou em novembro passado, quando o grupo catarinense AMC Têxtil comprou a mineira Skazi. O negócio, segundo o CEO do grupo Alexandre Menegotti, dá início a um novo plano de expansão para ampliar o portfólio, com mais aquisições.
O grupo já comprou a Colcci, em 2000, Sommer, em 2004, Carmelitas, em 2005, e o trio Forum, Triton e Tufi Duek, em 2008. Assim, a AMC reúne marcas de malharia, jeans e de roupa casual.
A transação da Skazi, assim como as outras, não teve o valor divulgado, mas, mantido o faturamento de 2019 da marca mineira, espera-se um incremento de R$ 70 milhões aos quase R$ 800 milhões que a AMC fatura, segundo estimativas do mercado. Cerca de metade desse valor vem do negócio de malharia, a espinha da empresa familiar de Jaraguá do Sul.
Menegotti diz planejar novas aquisições mas que, pelo menos até o final de 2020, não está prevista uma oferta pública de ações. O empresário diz que “a recuperação da economia, os ajustes nos processos de confecção e o bom momento das marcas do grupo” reacenderam o desejo antigo de transformar a empresa numa potência do varejo de moda.
Só a Colcci despeja 5 milhões de peças por ano em 105 franquias e 3.600 clientes multimarcas atendidos pela grife. Neste ano, o grupo reservou R$ 2 milhões para alavancar a imagem da marca. No carnaval deste ano, a marca patrocinou um camarote em Salvador (BA), fechou contrato com a cantora Anitta e produziu fantasias para a escola de samba Beija Flor, cujas roupas do carro abre-alas foram assinadas pelo estilista Francisco Costa, ex-diretor criativo da Calvin Klein.
Menegotti testou um modelo menor de loja, de até 60 metros quadrados, que barateia até 40% os custos de abertura e manutenção do ponto. “Já temos 30 lojas nesse modelo”. Também “peneiramos as praças, porque algumas lojas serviam mais como vitrine do que como ponto de venda, e, às vezes, havia mais de um [ponto de venda] próximo do outro num mesmo lugar”.
O grupo também fez ajustes no processo fabril. Segundo o empresário, um vestido da Colcci custa agora 25% menos.
Na marca Skazi, cerca de 40% das 170 mil peças vendidas em 2019 saíram do parque fabril de Belo Horizonte. Nos últimos três anos, a grife mineira dobrou de tamanho, mesmo com um tíquete médio alto, de R$ 600.
O segredo, segundo o fundador da Skazi Vander Martins, foi verticalizar a produção no mesmo local, investir em mídia digital e atender o cliente com muitas opções de uso. São quase mil modelos de roupas lançados em cada coleção, que é criada e cortada por ele, costurada por terceiros e finalizadas nos galpões da empresa, que ocupam um quarteirão inteiro da capital mineira e são avaliados em R$ 15 milhões, segundo Martins.
“Conseguimos o mais difícil, que é tornar a marca desejada. Agora, com a compra, a produção de jeans vai toda para o Sul e, nos próximos anos, pretendemos aumentar a base de clientes no Sul e em São Paulo, que tem um potencial muito grande pelo tamanho do mercado”, diz Martins.
Por contrato, ele e sua mulher Ana Paola Murta, responsável pelo estilo da marca, ficarão pelo menos mais cinco anos na empresa. E, por mais cinco, ele não poderá abrir negócios que façam concorrência ao grupo AMC. Martins continuará à frente do planejamento de marketing. No ano passado, ele fechou um hangar inteiro do aeroporto de Belo Horizonte para a realização de um desfile cuja execução custou quase R$ 700 mil. Isso, um ano depois de ele fechar o estádio Mineirão para outra apresentação para compradores de multimarcas, blogueiras e clientes.
“O negócio da moda passou a depender de relacionamento com o cliente, de proximidade para entender os compradores. É isso que gosto de fazer”, diz ele.
Mas, então, por que vender a Skazi? “Não aguentava mais me preocupar com questões tributárias e administrativas. Tenho dinheiro para viver muito bem o resto da vida e, ao contrário do que fizeram outros colegas, não vendi a marca num momento de baixa nas vendas. Acho que as pessoas da moda se apegam aos resultados do passado e não têm coragem de se desfazer do que construíram. Isso é burrice.”
Fonte: Valor Econômico