Depois de uma experiência frustrada nos EUA, a rede redesenha seu modelo de operação e cria bandeira popular para atrair um novo consumidor
Quando o empresário cearense Afrânio Barreira Filho, 62 anos, inaugurou a primeira operação internacional de sua rede de restaurantes Coco Bambu, em Miami, em 2017, ele acreditava que a empreitada no mercado americano resultaria num sucesso imediato. O plano era inaugurar dez lojas em três anos. Mas sua estratégia se mostrou malsucedida. Um ano depois da inauguração, fechou as portas. “Miami é uma cidade turística, e nós tínhamos um público formado essencialmente por brasileiros. Mas não se mantém um restaurante de 500 lugares só com brasileiros. Até porque a grande maioria dos nossos compatriotas que moram lá não é de pessoas abastadas”, afirma o executivo.
Apesar da experiência frustrada, Barreira mantém o otimismo e não descarta uma nova tentativa mundo afora. “Temos o registro da marca nos Estados Unidos e agora estamos mais experientes. Vamos fazer um novo plano de internacionalização, mas ainda não sei quando”, afirma. Enquanto isso não acontece, a empresa diversifica e busca novos públicos em seus principais mercados: São Paulo, que representa 40% de suas vendas, e Brasília, de onde vem 15% do faturamento da rede, que neste ano deve chegar a R$ 940 milhões em vendas, avanço de 20% em relação a 2018. Em junho, a grife especializada em frutos do mar inaugurou o primeiro Coco Bambu Conceito, no Shopping Vila Olímpia, na capital paulista.
A unidade é diferente de todas as outras. No espaço de 300 metros quadrados, não há uma área reservada para crianças, eventos corporativos ou pista de dança, como na maioria dos restaurantes. A casa apostou no bufê para atrair o público corporativo da região nobre paulistana no horário do almoço. O cardápio é reduzido em relação às demais operações, que geralmente contam com mais de 250 opções de pratos. “Queríamos estar lá. O espaço que nos foi oferecido era menor, mas vimos como uma oportunidade”, diz Barreira. Uma nova unidade do mesmo modelo será inaugurada em outubro, no Shopping Eldorado, também em São Paulo.
Ao todo, quatro estabelecimentos serão inaugurados até o final deste ano. Cada restaurante, no modelo convencional, tem área de 2 mil m² e investimento inicial entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões. O aporte é diversificado. Dois sócios operadores investem 24% do capital, enquanto Afrânio Barreira, Idezio Rolim e Eugênio Vieira, fundadores da primeira unidade da rede, entram com 61%. O restante é dividido entre sócios minoritários. “Tem gente que diz que ter um sócio é problema. Imagina eu, que tenho quase 100”, diz Barreira. O modelo compartilhado é similar ao da rede americana Outback. Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, a estratégia é um dos segredos para o sucesso do Coco Bambu. “Os sócios operam as lojas. Isso dá um pouco de ‘olhar de dono’, o que para um restaurante é fundamental”, destaca Terra. “Uma das vantagens deles em relação ao Outback é a amplitude de cardápio. Há desde vinhos que custam milhares de reais a pratos em torno de R$ 50 e que servem duas pessoas.”
Para rivalizar com outra rede brasileira que tentou desbravar o mercado americano sem sucesso, o Madero, a holding que administra o Coco Bambu prepara o lançamento de uma nova marca. Chamada Vasto, o restaurante homenageará a região da Itália da qual a família da esposa de Barreira, Daniela, é originária. “O cardápio será mais enxuto e variado do que o do Coco Bambu, com carnes nobres, massa, sanduíches e sushi”, diz Afrânio Barreira. “Nós já começamos a obra para uma primeira loja, que será no Brasília Shopping. Também já temos espaços reservados no Recife e em São Paulo”, projeta. O objetivo é lançar a marca até o início de 2020. Como a expansão para os Estados Unidos foi indigesta, o Coco Bambu reforça a sua aposta no Brasil para crescer e conquistar o primeiro bilhão anual de receita.
Fonte: Istoé Dinheiro