A empresa apresentou tendências para a indústria de pagamentos em 2023 e alguns de seus planos e projetos para o ano no Brasil
Por Danylo Martins
Em um mercado mais competitivo, inclusive com o crescimento avassalador de meios de pagamento como o Pix, as bandeiras de cartões estão precisando se reinventar e abrir novas frentes de atuação. Assim como a Mastercard e a Elo, a Visa vem ampliando o portfólio de soluções, ao mesmo tempo em que busca crescer em mercados como mobilidade urbana, agronegócio e serviços para empresas. Nessa estratégia de diversificação, a companhia passou a desenvolver até aplicativos para cartões de bancos.
Em encontro com grupo de jornalistas no LabGarage — espaço voltado para o desenvolvimento de soluções de pagamento em mobilidade urbana —, a empresa apresentou tendências para a indústria de pagamentos em 2023 e alguns de seus planos e projetos para o ano no Brasil, entre eles, avançar com ferramentas que ajudem a melhorar a experiência de pagamento no ambiente online.
Um dos temas no radar da Visa é a utilização de cartões de débito para compras em e-commerces e marketplaces, uma agenda liderada pela indústria por meio da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Entre as iniciativas em discussão estão a possibilidade de pagar uma compra online com débito sem precisar digitar senha e a mudança no prazo de recebimento para os lojistas para o mesmo dia – hoje, isso ocorre normalmente em D+2.
Outro assunto que vem sendo discutido pelo mercado, citou Fernando Amaral, vice-presidente de produtos e inovação da Visa do Brasil, é a oferta do débito parcelado. “Não há detalhes de cronograma, mas vamos evoluir muito este ano”, afirmou o executivo. “É um trabalho mais estruturante, por isso vai levar mais tempo”, reconheceu. Segundo, existem vários casos de uso para a modalidade, por exemplo, para transações de alto valor.
‘Click to pay’ e ‘tap to phone’
Ainda no mundo online, a Visa prevê o crescimento da ferramenta ‘Click to pay’, modalidade em que o cliente paga as compras no e-commerce sem precisar digitar os dados de cartão, e as informações são tokenizadas. O recurso se assemelha a uma carteira digital onde o usuário armazena todas as suas credenciais, independentemente da bandeira. “Aqui não tem competição entre Mastercard e Visa. É uma solução para facilitar a experiência do consumidor no ambiente online”, disse Fernando.
No comércio físico, uma das prioridades da Visa para 2023 é o ‘tap to phone’, que transforma o celular do lojista em um terminal de pagamento por aproximação. “É algo que vai se acelerar em lugares mais distantes das capitais”, aposta Fernando. Desde janeiro de 2022, o número de estabelecimentos credenciados tem tido um crescimento médio mensal de 46%, segundo a Visa. Atualmente, a bandeira soma 7 parceiros no país, incluindo CloudWalk, Mercado Pago, Sicredi e Stone.
Transações instantâneas e cross-border
A Visa também trabalha no desenvolvimento de soluções para o que chama de novos fluxos, não necessariamente apenas de pagamentos. Conforme explica Hugo Costa, diretor executivo da companhia, o esforço é no sentido de pensar para onde é possível expandir a atuação, oferecendo uma experiência mais fluida, interoperável e com facilidade de acesso. Aqui, um dos principais exemplos é o Visa Direct, ferramenta de transferências instantâneas que tem como caso de uso no Brasil o WhatsApp Pay.
Outro grande foco para este ano são as operações cross-border, citou Hugo. Com aproximadamente 5 bilhões de endpoints — soma de cartões, carteiras digitais e contas — em mais de 200 países, a rede da Visa está conectada a cerca de 80 redes domésticas de liquidação em vários países. Para avançar nessa frente, a companhia desenvolveu o Visa B2B Connect, que utiliza tecnologia blockchain.
A Visa também vem construindo novas soluções para o agronegócio. Em janeiro, por exemplo, a startup Agrotoken lançou um cartão tokenizado bandeira Visa, lastreado em commodities agrícolas, como soja, milho e trigo.
Já no mundo das pequenas e médias empresas (PMEs), uma das apostas da companhia é o gerenciador financeiro para negócios (BFM, na sigla em inglês), conectado ao Open Finance, uma solução desenvolvida em conjunto com a fintech paranaense Celero.
Outros temas na ordem do dia da Visa são as soluções de consultoria e analytics. Uma delas, chamada internamente de ‘mar aberto’, ajuda clientes (bancos emissores, por exemplo) a captar clientes no mundo digital. “Nossa ideia é levar essa solução de aquisição digital para outros casos de uso, como crédito direto ao consumidor, recuperação de crédito ou mesmo para contratação de seguros”, afirmou Oscar Pettezzoni, diretor executivo da consultoria da Visa do Brasil.
A empresa também tem apoiado instituições que precisam repaginar os aplicativos de cartões oferecidos aos seus clientes. Um dos projetos nesse sentido foi o Ourocard, do Banco do Brasil (BB). “Fazemos um grande apanhado das nossas experiências globais para trazer o que é melhor, mais rápido e mais seguro”, disse o executivo, citando como diferenciais a especialização no mundo de pagamentos e a quantidade de informações que são capturadas pela rede da Visa.
Mobilidade urbana
Em mobilidade urbana, a Visa também promete novidades ao longo deste ano, embora dê poucos detalhes concretos do que está por vir. A companhia informou que planeja levar sua tecnologia de pagamento por aproximação — disponível hoje no MetrôRio, por exemplo — para novos modais, como estacionamentos, aluguel de bicicletas e carregadores de carros elétricos. “Estamos com alguns pilotos em estacionamentos de São Paulo e Rio e vamos anunciá-los em breve”, afirmou Julio Ramos, diretor sênior do Visa LabGarage.
Nessa frente, a iniciativa mais avançada da empresa está no Rio de Janeiro, onde o pagamento com leitora de cartão contactless foi lançado em 2019. No último trimestre de 2022, o uso da modalidade mais do que triplicou em relação a igual intervalo de 2021. Hoje, além do metrô e de algumas linhas de ônibus operados pelo MetrôRio, o pagamento via NFC da Visa é aceito nas Barcas Rio de Janeiro, em algumas linhas da zona norte de São Paulo e nas praças de pedágio da Ecopistas e Ecovias.
Fonte: Finsiders