Antes distante da realidade brasileira, o conceito clique e retire já é utilizado por 20% dos usuários online, tornando-se um trunfo para os varejistas acelerarem a integração entre os canais de venda e fisgarem os consumidores que estão se familiarizando com o mundo digital.
O dado faz parte de um estudo realizada pela agência especializada em pesquisa de mercado MindMiners. “A possibilidade do cliente comprar no e-commerce, ou marketplace, e retirar no mesmo dia em algum ponto físico aumenta a sensação de segurança de que o produto vai ser entregue. Além disso, a redução no tempo da entrega também traz alívio para o usuário”, afirmou a diretora de marketing da empresa, Danielle Machado.
Para a executiva, um dos grupos que mais tem aderido ao hábito de compras online são os indivíduos acima de 60 anos. “O percentual de idosos que compram produtos online está crescendo, sobretudo com esses mecanismos de retirada na hora da aquisição da mercadoria”, argumentou Danielle, lembrando o segmento do varejo alimentar como um exemplo de “porta de entrada” dessa faixa-etária no canal digital.
Segundo o estudo, a frequência de compras virtuais é maior entre os usuários pertencentes à classe A, com maior concentração na Região Sudeste e maiores de 40 anos. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito correspondem por 53% de todo o volume de vendas online.
Outro ponto mencionado pelo levantamento é o local preferido dos compradores online para a retirada do produto. Para 86% dos entrevistados, receber a encomenda em casa ainda é a melhor opção; 15% preferem inserir o local de trabalho para a chegada do item; 12% escolhem os correios ou transportadoras; 10% casa de parentes; 8% na loja física; e, por fim, 3% recolhem a compra na casa de amigos ou vizinhos. “No momento da compra online, um dos desafios do varejista é cruzar as informações com a operação física. Nesse sentido, uma boa estratégia é o lojista realizar parcerias com outras empresas especializadas na logística”, ressaltou Danielle.
Ainda de acordo com a executiva, o modelo de click and collect acaba tendo mais aderência nos grandes centros urbanos e nos grandes varejistas, tendo em vista que os pequenos negócios e as regiões remotas do Brasil carecem de um fator crucial para o funcionamento desse formato: logística de distribuição e frete alto.
Com isso, o estudo releva que, para 44% dos usuários, o fato de não haver a necessidade de pagar frete é o maior motivo para comprar online e optar pela retirada diretamente no ponto físico; 31% valorizam o menor tempo de entrega; 13% priorizam a segurança de receber o produto; e 11% justificam a escolha pela chance de “ver o item e poder trocar na hora.”
Foco nas parcerias
Em linha com o raciocínio de Danielle, o coordenador da consultoria de e-commerce GhFly, Sérgio Eneida, acredita que os consumidores brasileiros estão transformando a mentalidade frente ao hábito de comprar pela internet. “Um segmento com maior desempenho nas vendas online é o mercado de eletrodomésticos. No entanto, temos visto um avanço importante também no setor de alimentos e bebidas”, argumentou o executivo.
Para ele, o investimento no posicionamento online desses grandes players resultará, no médio a longo prazo, num desempenho melhor das operações físicas. Porém, Eneida pondera que as grandes redes de varejo muitas vezes não tem áreas especializadas nessa integração de canais e, por tanto, uma das saídas pode ser o estabelecimento de parcerias com empresas focadas apenas nesse tipo de demanda.
Um dos exemplos de negócios voltados apenas nesses processos é a startup Supermercado Now, que atua na área de entregas de compras de produtos básicos. “Geralmente, as pequenas redes de supermercado demonstram ser bastante inovadoras, mesmo quando não dispõe de capital suficiente para aplicação dessas iniciativas”, afirmou o CEO da Supermercado Now, Marco Zolet.
Assim como citado por Danielle, o CEO da startup também afirma que o número de usuários idosos vem surpreendendo. “Hoje, cerca de 12% da nossa base de clientes é composta por pessoas acima de 60 anos. Além disso, o tíquete médio dessa categoria de consumidor fica acima de R$ 350, enquanto que o restante de consumidores cadastrados gasta em torno de R$ 250”, afirmou Zolet. Porém, ainda de acordo com o executivo, por mais que o percentual de idosos tenha apresentado aumento, a faixa-etária com maior recorrência no consumo online ainda está entre 35 e 45 anos.
Fonte: DCI