O empreendedor Ivan Macena aprendeu a tocar negócios desde cedo: aos 14 anos de idade, deixou de ser feirante para cuidar das vendas de seu primeiro empreendimento, com a família.
De lá para cá, sempre ficou de olho em oportunidades de negócio: ele passou em negócios tão variados como uma rotisseria e uma loja da rua 25 de março.
Até que uma conversa ouvida por acaso em um shopping traria uma oportunidade milionária: a falta de uma boa loja de chocolate.
Assim nasceu a Fábrica Di Chocolate: uma rede de franquias que aposta em fondue express, com “chocolate saudável” e frutas. Apenas no ano passado, o negócio faturou 24 milhões de reais. Para 2017, o plano é crescer esse valor em 8 a 12%.
Macena atribui tais números à sua experiência em empreender desde jovem. “Seja na rotisseria ou na loja na rua 25 de março, eu adquiri uma boa base de administração. Eu não li: eu vivi. Isso que me deu conhecimento”, afirma. “Isso eu traduzo para o plano de negócios, mostrando o que acontece ou não nos quiosques. Os futuros franqueados percebem o grau de conhecimento que você tem.” Empreendedorismo: O Superlógica Xperience te proporciona dois dias de imersão nas inovações dos negócios Patrocinado
História de vida
Macena acumulou diversos empregos e empreendimentos até chegar à Fábrica Di Chocolate. Ele começou a trabalhar vendendo frutas com os vizinhos em feiras, por volta dos sete anos de idade.
Após cerca de três anos como feirante, conseguiu o primeiro emprego retirando lotes de borracha para carros, e depois trabalhou em uma vidraçaria.
Aos 15 anos de idade, Macena participou de seu primeiro negócio, com a mãe e a irmã: uma rotisseria em São Bernardo do Campo (São Paulo), para venda de pratos congelados. Elas faziam as comidas e ele era responsável pelas vendas aos fins de semana – nos dias úteis, trabalhava em um escritório.
“Éramos em dez irmãos, e os mais velhos já tinham de trabalhar. Queria ganhar meu dinheiro, e ficava pensando em como trabalhar para isso”, conta o empreendedor. “Depois, já como funcionário, vi o quanto eu conseguia produzir – e queria trabalhar para mim mesmo. Por isso, sempre tentei conciliar o emprego com um negócio próprio.”
Foi assim durante cinco anos. Quando Macena tinha 21 anos de idade, montou um estande de adesivos, chaveiros, embalagens e presentes na rua 25 de Março. O negócio durou três anos.
“Mesmo assim, percebi que negócios assim tinham uma sazonalidade muito grande, e eu queria algo mais estável. Enquanto não via uma oportunidade negócio, resolvi aproveitar uma proposta de emprego.”
Aos 24 anos de idade, ele recebeu um convite para trabalhar no Grupo Votorantim. Ficou nove anos na gigante, fazendo contratos de compra e logística.
Depois de passar quase dois anos em uma multinacional alemã, Macena aceitou uma terceira proposta de emprego em logística e suprimentos, da multinacional Tigre. Dessa vez, teve de se mudar para Joinville (Santa Catarina).
O ano era 2002. A família não se adaptou muito bem à nova cidade: a esposa de Macena havia acabado de se formar em Direito e encontrava dificuldades para se estabelecer no mercado.
Pensando em um negócio para os dois, marcou uma conversa com o administrador de um shopping em Joinville. A ideia era montar uma loja, mas ouvir pessoas conversando na recepção do local enquanto aguardava o administrador mudou os planos do empreendedor. Elas reclamavam que só havia uma loja que vendia chocolates no shopping todo.
Fábrica Di Chocolate
Macena pensou no que havia acabado de ouvir dos consumidores, e também no fato de que costumava fazer fondue para seus amigos.
Assim que a reunião com o administrador começou, ele revelou seus planos de abrir um quiosque de foundue express. Após alguns dias, Macena enviou o projeto de quiosque e recebeu, como resposta, um prazo de 20 dias para instalar o negócio.
A Fábrica di Chocolate começou com esse primeiro quiosque, no ano de 2003. “Fiquei com esse negócio por três anos trabalhando de noite, enquanto lidava com o emprego no horário comercial.”
Nesses três anos, muita gente perguntava se Macena não queria franquear seu quiosque. Por isso, o empreendedor estudou o mercado e se associou à Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Macena recebeu a autorização para franquear apenas em 2006, com a elaboração de um plano de negócios voltado a quiosques franqueáveis.
A família já conseguia viver da renda do quiosque, e então o empreendedor largou de vez o emprego para focar na franqueadora.
“Eu mesmo fiz o plano e comecei a divulgar na internet, atendendo os interessados no shopping mesmo”, conta. “As primeiras franquias apareceram em Curitiba e Salvador, e aí foi indo. Quando vendi a quarta, comecei a me estruturar: contratei funcionários e montei um escritório.”
Macena não conhecia o tamanho do mercado até então – e só ao se associar à ABF percebeu que outros três negócios apostavam também no fondue express.
“Se você não tiver um conhecimento profundo do mercado antes, você não conseguirá criar um negócio de sucesso franqueável, com boa formatação”, defende o empreendedor. “Estávamos em quarto lugar, e hoje somos líderes no mercado.”
Para se diferenciar, Macena fez uma parceria com uma empresa belga para produzir seu chocolate.
“Nosso chocolate não tem glúten nem gordura trans e hidrogenada. Com isso, pudemos unir frutas a um chocolate que só tem gordura por conta do leite que vai em sua formulação, gerando um fondue saudável e com muito sabor. A gente evita ao máximo trabalhar com ingredientes pesados, como o leite condensado.”
O fondue representa, hoje, 75% das vendas nas unidades da Fábrica di Chocolate. O ticket médio fica em cerca de 12 reais, em uma estratégia de negócio que foca nas classes B e C.
Fonte: Exame